“Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”. É esta a palavra central do Evangelho deste 25º do Tempo Comum. Está evidente que continuamos sendo formados por Jesus, particularmente nas questões que nos envolvem diretamente em nosso dia a dia: os bens, os outros e Deus. Nesse triângulo nós nos construímos e, ao menos tempo, nos damos a conhecer, revelando nossos apegos, divisões, incoerências e contradições.
A proposta que Jesus sempre nos faz é a de atenção, cuidado e perspicácia em relação a tudo o que nos envolve e nos desafia. Na prática, não somos colocados diante de grandes questões ou problemas. Nosso maior problema está em não saber ter a devida justeza nas coisas simples do dia a dia. Por natureza, parecemos desatentos; o que fazemos e o que somos não estão no cerne de nosso empenho de construção e de renúncia de tudo aquilo que nos engana e nos diminui.
Desta forma, com frequência nos tornamos esbanjadores, incautos, desonestos, infiéis. Numa palavra: divididos. Não somos íntegros, um todo, uma autenticidade, uma unidade. Jesus nos provoca, também neste aspecto, a superar as grandes e pequenas infidelidades; as pequenas e grandes formas de injustiça. Provoca-nos a superar o cuidado exagerado em relação ao que julgamos nosso, enquanto tratamos de qualquer jeito o que é dos outros.
A corresponsabilidade é um horizonte básico e inegável em todas as situações. Da mesma forma, o são a fidelidade e a entrega a um único senhor.
O que nos propõe Jesus é, portanto, superar todas os nossos mecanismos de oscilação e conquistar uma maneira íntegra de ser e agir, de forma que Deus, os outros e as coisas, encontrem em cada um de nós o eco de uma harmonia serena, que não dança por vantagens, por egoísmo ou por capricho. Não poderemos jamais servir a Deus e ao dinheiro. Não poderemos jamais ser fiéis e infiéis. O que deve estar no nosso programa é buscar sempre a Deus acima de todas as coisas e subjugar tudo de que dispomos para amar e servir mais e melhor.
Frei Salésio Hillesheim
