Ser sábio é ser vigilante

Entramos hoje no discurso escatológico: é o quinto e o último dos discursos que estruturam o Evangelho de Mateus. Do mesmo evangelho se tomam as leituras dos últimos três domingos deste tempo litúrgico, com as parábolas: hoje, as dez virgens; o próximo domingo: a parábola dos talentos e último domingo antes do Advento: o juízo final. A vigilância preanuncia o novo tempo: a vinda do Salvador.

A parábola que Cristo nos apresenta hoje: as dez virgens, sendo cinco previdentes, vigilantes e sábias, e as cinco outras imprevidentes, insensatas e imprudentes. A parábola propõe como única atitude válida a fidelidade ao Senhor na vigilância amorosa da espera. Não é uma atitude passiva e sim de manter a lâmpada da fé acesa por atos e atitudes.

A linha narrativa da parábola conclui com este pensamento: “Portanto, vigiai porque não sabeis nem o dia e nem a hora”. Manter as luzes da fé acesas. Não se deixar levar pelo sono do ócio, da preguiça, de uma vida dominada pela escuridão das trevas do pecado. Estar atentos na busca da luz que é Jesus encarnado no irmão necessitado. A responsabilidade é pessoal e intransferível de manter a luz acesa.

A lâmpada bem abastecida é sinal de previsão e vigilância. Nunca podemos prever as falhas de uma sentinela, de um piloto ou de um motorista. Sempre devemos estar preparados. Tal comportamento diante da vida que nos é dada é ser sensato e previdente. Ao cristão é dada a sabedoria e a luz batismal, o dom do Espírito Santo para discernir as obras da luz e das trevas.

Muitos cristãos vivem sem horizonte do futuro, submersos tão somente no presente: dinheiro, poder, egoísmo, sexo, materialismo e o prazer. Suas lâmpadas se apagaram. Não percebem que existe vida para além da morte. A vida que nos é dada, será tirada, pois essa é passageira e da qual deveremos prestar contas. Portanto vigiai e orai. Cada um deverá manter a sua luz acesa porque ela é única e pessoal, é a luz da fé.

O que mantém as nossas lâmpadas acesas, são as nossas atitudes de fé, pela Eucaristia, pela vivência do Evangelho, pela caridade, pela prática do perdão e da misericórdia, pela vivência do Amor do Cristo encarnado no irmão necessitado e sofredor. Manter a lâmpada da fé acesa diuturnamente numa atitude de vigilância, porque não sabemos nem o dia e nem a hora de nossa partida. Finados não passou, está presente todos os dias, nas famílias e na comunidade. Estejamos sempre vigilantes na busca da “sabedoria que é luminosa e seu brilho é inalterável” (Sabedoria 6,12).

Frei Sérgio Pagan, 08.11.2020.

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