Ocupa o cenário geral deste 5º Domingo da Páscoa o tema do amor. Não de um amor genérico, utilitarista, voltado para si para uma suposta graça, mas um amor que é projeto de vida. Força para uma luta, sinal de compromisso de discípulos, de seguidores e seguidoras de Jesus, imbuídos do mesmo espírito que o levou até à morte e morte de cruz.
Este amor-projeto e programa de vida, dentro do cumprimento do mandamento novo de Jesus de amarmo-nos uns aos outros, tem um ingrediente especial, uma referência única: “Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros”.
Isto significa que nosso projeto de amor não tem outra sustentação a não ser a do modo como o próprio Cristo nos amou. Os versículos do evangelho de hoje não nos falam deste modo, mas nós o deduzimos de tudo aquilo que o próprio Jesus disse e de tudo aquilo que ele andou fazendo entre os seus. Todos couberam em seu coração. Todos encontraram lugar para reconstruir com ele e por sua palavra a sua própria vida. Todos viram como ele se fez servo, escravo, gratuito e pleno de misericórdia e perdão à toda prova.
A afirmação do versículo 35 – “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros” – aponta para as consequências que esse amor criativo e de fidelidade aos outros implanta num mundo marcado pelas desavenças, pelo ódio, pela inveja, pela concorrência desonesta, pela utilização de todos os recursos e pessoas em benefício próprio. O amor é doação, é entrega, é humildade e pequenez. Não é apenas sentimento. É opção, é escolha, é permissão para que todos possam caber inteiramente em nosso horizonte de viver e ser. É caminhar de braços dados com os perfeitos e imperfeitos, com os justos e injustos. O amor não tem outro caminho a não ser do de ser e viver por quem precisa fazer parte de nosso próprio ser. Desse recinto nenhum ser humano fica excluído.
Frei Salésio Hillesheim