A narrativa de hoje está focada na pessoa de Simão Pedro, celebrado hoje ao lado de Paulo. Diga-se de passagem, que o texto sagrado não fala de Paulo, porque ele só aparece nos textos bíblicos, a partir dos Atos dos Apóstolos e nas Cartas de São Paulo, escritos às várias comunidades evangelizadas por ele, depois de sua conversão (cf. At 9,1-19).
São Pedro e São Paulo são celebrados na Igreja, a partir de suas conversões. As mudanças de vida não foram fáceis, a partir do início de seus itinerários no cristianismo. Simão Pedro, teve a graça de ser convidado pelo próprio Jesus, ainda em vida, no chamado à missão em Cafarnaum. Homem casado, pescador e dono de uma loja de pesca, foi sendo lapidado aos poucos no discipulado de Jesus. Pedro foi testado várias vezes no seguimento de Jesus. A primeira, acontece na sequência do Evangelho de hoje, quando Jesus afirma: “Afasta-te de mim, Satanás!” (Mt 16,23). A segunda, acontece nas três perguntas de Jesus a Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes…?” (Jo 21,15). A terceira, acontece na hora derradeira, em que Pedro nega Jesus, antes que o galo cantasse três vezes (cf. Lc 22,34). Não obstante às várias dúvidas e negações, Pedro continuou seguindo Jesus, recebendo dele a chave da Igreja, como coordenador dos apóstolos.
Saulo, chamado Paulo após a conversão, era judeu e na escola do Rabino Gamaliel e, recebeu os ensinamentos do judaísmo. Certamente frequentava a sinagoga aos sábados, na prática da religião judaica. Saulo, como soldado romano a serviço do Império, perseguia os cristãos, que eram levados à prisão e ao martírio. Porém, num determinado momento, na visão do Cristo ressuscitado, Saulo se converte ao cristianismo e a partir daquele dia, passa de perseguidor à pregador da Boa nova.
Na aurora cristã, Pedro pensava e anunciava o Evangelho aos judeus, concentrados em Jerusalém e arredores do Templo. Paulo iniciou a sua missão no meio dos judeus e pagãos, entendendo que o Cristo devia ser anunciado a todos, independente das raças, línguas, ou condição de escravos ou livres. Mais tarde, os dois se reuniram com os demais seguidores e resolveram por bem, anunciar a nova religião a todas as nações.
Celebrar São Pedro e São Paulo hoje, significa abraçar a experiência destas diferentes colunas da Igreja, que apesar de suas resistências, fragilidades e diversos modos de pensar e agir, conseguem conectar os cristãos vivendo na diversidade, a unidade essencial de Cristo na Igreja.
Frei Ivo Müller
