Reflexão – Domingo de Ramos

O AMOR SE REVELA NA CRUZ

                        Domingo de Ramos e Domingo da Paixão estão em íntima relação. O primeiro passo: o triunfo e o segundo: a humilhação. Jesus entra em Jerusalém como rei messiânico, humilde, pacífico, em atitude de serviço e não de poder temporal. Ele é o Servo sofredor do Senhor (Isaías 50,4), narração da primeira leitura. Caminha em direção à paixão, como exprime Paulo, na segunda leitura, na Carta aos Filipenses (2,6): “Embora sendo Deus, Cristo se humilhou ao ponto de aceitar por amor a morte de cruz”.

Na paixão de Cristo cumpriu-se o anúncio, várias vezes repetido por Jesus, de sua morte violenta em Jerusalém. A pergunta óbvia é: Por que tinha que ser assim? A resposta mais profunda e válida, só Deus pode dar. Por Amor, assim respondeu Jesus aos Apóstolos quando foi indagado sobre a sua morte. Jesus carrega a cruz de sua paixão por fidelidade ao Pai e por amor aos homens. O motivo parece duplo, mas o fundamento é único: o Amor e a salvação da humanidade. Como rezamos no Credo: “por nós homens e para a nossa salvação”.

A cruz é a revelação do amor. Acreditamos que a cruz é o sinal do cristão, não por masoquismo espiritual, mas porque a cruz é fonte de vida e de libertação total, como sinal do amor de Deus ao homem, por meio de Jesus Cristo. O mistério da cruz na vida de Jesus é a revelação máxima do amor, e não a consagração da dor e do sofrimento. Porque o Senhor não quer a dor e o sofrimento de seus filhos e sim a misericórdia e o perdão.

O amor que a cruz de Cristo testemunha é a única força capaz de mudar o mundo. O Senhor só nos pede uma resposta que é também de amor: “amemos a Deus, porque Ele nos amou primeiro” (I João 4, 19). Jesus poderia nos salvar com triunfo, glória e poder, mas preferiu fazê-lo a partir do interior de cada um, na condição humana, e optar pela humildade, obediência, amor e renúncia. Jesus veio para servir e carregar a cruz, e ser modelo de resignação, diante da dor e do sofrimento. A cruz faz parte do caminho de todo peregrino. A oração mais profunda se dá na dor e no sofrimento.

Carregar a cruz com Cristo supõe ir contra a corrente do mundo que prega a glória e o sucesso. Carregar a cruz pressupõe o perdão e a reconciliação, em vez da condenação e vingança que é própria do mundo. Carregar a cruz é morrer com Cristo para o pecado, para o individualismo e ressuscitar para a liberdade de filhos de Deus. Porque: “quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la-á, mas quem perder a vida por minha causa, salvá-la-á”, diz Jesus.

Desejamos sempre e apenas carregar os ramos da glória e da vitória. Os ramos só existem porque foram retirados de seus troncos que deram origem aos mesmos. Os troncos fazem parte da cruz que carregamos ou rejeitamos. Se rejeitarmos os troncos não veremos os ramos florirem na ressurreição. Os ramos que carregamos representam vida nova, vida para além da morte: ressurreição.

   Frei Sergio Pagan

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