O CÉU É ALGUÉM
O Missal Dominical da Paulus, em seu comentário sobre a Solenidade da Ascensão tem um título muito sugestivo e que vale a pena termos bem diante de nossos olhos: “O céu é Alguém”.
Devemos, pois, lançar para longe de nós qualquer imagem espacial, de um lugar em algum “mundo” oferecido após a vida terrena aos que vivem fazendo o bem. A leitura dos Atos dos Apóstolos (1ª) na Liturgia deste Domingo precisa ser, então, bem entendida, já porque usa expressões que podem dar a imaginar o céu como lugar, espaço: “Jesus foi levado ao céu”, “uma nuvem o encobriu”, “por que ficais aqui, parados, olhando para o céu”?
O Evangelho, no entanto, em tom completamente diferente, torna concreto o anúncio que Jesus fez nos Atos dos Apóstolos de que os discípulos receberiam o poder do Espírito Santo e que eles seriam testemunhas dele em Jerusalém, na Judeia, na Samaria e até os confins da terra. Muito bonita essa promessa que toma corpo nas palavras do próprio Jesus e que deve ser tornar ação na vida dos discípulos: “Ide, fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei”!
Céu é, assim, participação plena na vida de Deus em Jesus Cristo, que está conosco todos os dias, até ao fim do mundo. Céu é a vida de Deus em nós. Céu é o aqui de quem, sob o impulso do Espírito Santo, disponibiliza de seu tempo e de sua vida para tornar a humanização do ser humano viável. Aqui, mais uma vez, qualquer imagem de tempo, espaço, anos, precisam dar lugar à presença do próprio Jesus, feito vida permanente e eterna em cada discípulo ou discípula seus. Céu é e será tanto o hoje quanto o amanhã de cada um e de todos nós em Jesus.
Visto assim, o Evangelho desta Solenidade é um envio que Jesus nos faz enquanto portadores dele, nosso céu já presente na terra e se estendendo a toda humana criatura, tornando-a também participante da vida que brota do coração do Pai, do Filho e do Espíritos Santo.
Frei Salésio Hillesheim
