CONDUZIDOS PELO BOM PASTOR
Neste 4º Domingo da Páscoa, Domingo do Bom Pastor, não temos nenhum relato de aparição de Jesus. Aliás, eles aparecem somente até o 3º; os evangelhos dos domingos seguintes, até a ascensão acentuam a dinâmica vivencial dos que ressuscitaram e ressuscitam com Cristo em cada dia e momento.
Assim, este 4º domingo apresenta aos olhos dos que querem viver ressuscitados e ser geradores de vida nova o Cristo que se autodefine como Bom Pastor. Ainda que a imagem possa não ser totalmente tranquila para nossa maneira de concebê-la, ela é inspiradora a partir do que o próprio Cristo nos revela.
Ele nos diz que é bom porque nos dá sua vida e nos integra nele. Ele se importa conosco, mostrando-se próximo de nós e tendo-nos como razão de sua entrega e cuidado.
Ele também nos conhece e se deixa conhecer. Anima-nos e fortalece nossa pertença a ele, pois o que está em jogo nele é o dom de sua vida para que nós sejamos plenificados por ele.
O interessante nas palavras de Jesus é que ele mesmo vai nos servir de modelo e inspiração. Ele desperta o pastor escondido que há em cada um de nós e nos convoca a viver livres de todos os tipos de mercenários que subjugam, utilizam e dispersam. E quantos mercenários nos rodeiam! Uns nos extasiam pela força dos enganos e mentiras; outros, pela destruição velada de nossos valores e convicções.
O Bom Pastor nos faz, assim, discernir entre quem nos potencializa e nos dá autonomia e quem nos faz seres de currais, fechados sobre dogmas falsos, interesses mesquinhos e joguete nas mãos de falsos e interesseiros pastores. Uma será sempre a marca do Bom Pastor: generoso, abnegado, serviçal, doador do seu ser; outra a do mercenário: exterminador, sugador, centrado em si e no que pode arrecadar.
Os que ressuscitaram com Cristo saberão sempre ter olhos bem abertos para não se deixarem enganar ou arrebanhar por falsos e maus pastores. E muito abertos para viverem com os olhos voltados para aquele que nos amou e ama sempre e por primeiro.
Frei Salésio Hillesheim
