Reflexão do Evangelho

ACREDITAR HOJE

O Evangelho de hoje, Lucas 24, 35-48, é a continuação da história dos discípulos de Emaús que estão de volta à Jerusalém e narram o encontro que tiveram com Cristo e o reconheceram na partilha do pão. Os discípulos que estavam em Jerusalém não acreditam na história dos discípulos de Emaús. Neste momento, Cristo se faz presente no meio deles. Cristo se apresenta aos medrosos e incrédulos: “não tenhais medo, sou eu mesmo, tendes algo para comer”?

Jesus dá provas físicas de sua identidade, mostrando as chagas em seu corpo glorificado. É o mesmo Jesus de Nazaré, seu mestre, que morreu e está vivo, porque ressuscitou. Contudo o contato visual, por si só, foi insuficiente. Cristo apresenta outras provas de sua Ressurreição, os textos dos profetas: “assim está escrito que o Messias haveria de sofrer e ressuscitar ao terceiro dia”. Jesus propõe a releitura do antigo testamento à luz dos últimos acontecimentos.

Contudo, Jesus avisa: “o Messias herdeiro do trono de David é o Servo sofredor que dá sua vida pelo perdão dos pecados”. O Messias veio resgatar o que estava perdido. A vitória não está no trono do rei Salomão, mas na Cruz. A vitória se dá por amor e não pelas armas. É dando a vida por amor, que se ganha a vida eterna.

A fé não se chega por deduções lógicas ou argumentos acadêmicos e científicos, mas pela entrega total ao dom de Deus. A fé é dom e graça. Não se busca a fé pelos estudos da teologia. A fé está para além da razão, está no coração, à semelhança do amor. O amor e a fé não exigem perguntas e nem respostas, se dão na gratuidade de quem crê e sem por quê.

Acreditar na ressurreição de Jesus não é encher-se de razões, de métodos científicos, mas aceitar o mistério que ultrapassa o conhecimento humano, porque é divina, é dom de Deus. A fé está no “coração que tem razões, que a razão desconhece”. O coração sente a presença de Deus e não a razão. Segundo Blaise Pascal: “Deus é sensível ao coração e não à razão”. É possível encontrar pessoas simples, humildes e até analfabetas que tenham mais fé do que grandes intelectuais e até doutores em teologia.

Para nós, hoje em dia, acreditar em Cristo e em Deus pertence ao mundo invisível, espiritual, mas não irreal. Porque precisamos como humanos do divino. Quem não crê no divino, deixa de ser humano ou de ter atitudes humanas. A história bíblica mostra um Jesus tão humano, com os doentes, necessitados, que ele só poderia ser divino. O que torna uma pessoa santa é o seu lado humano. Vejamos alguns exemplos de hoje: Santa Dulce dos pobres e Santa Tereza de Calcutá. Na história: Santo Antônio, São Francisco, Santa Clara, Santa Rita e todos os Santos que conhecemos, se tornaram santos, por serem pessoas de fé e agirem de maneira humana.

 

Frei Sergio Pagan

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