Reflexão do Evangelho

Generoso semeador

A parábola do semeador que a liturgia deste 15º Domingo do Tempo Comum nos propõe tem, entre muitos possíveis aspectos, a constatação, aparentemente frustrante, de que o semeador só consegue o aproveitamento de um quarto das sementes lançadas. O resultado positivo fica abaixo de qualquer patamar de produção. O narrador da parábola (as parábolas, normalmente, têm um narrador) ressalta que até mesmo a quarta parte das sementes que cai em terra boa, produz resultados diferentes.

Pobre semeador, certamente, pensamos nós. As sementes são todas boas, ainda que carregadas de múltiplas possibilidades. Está claro que os lugares onde as sementes caem são determinantes no êxito da semeadura. Aliás, este êxito não depende da vontade ou disposição do semeador. Ele é um semeador universal. Não escolhe lugares de antemão. Ele é generoso em relação às sementes. Generoso também em relação aos lugares. Ele confia em sua missão de semeador. Tem-se a sensação de que para este semeador tanto os lugares quanto as sementes merecem confiança total.

No entanto, o que acontece às sementes em contato com os lugares, indica que o lugar onde a semente é acolhida tem papel fundamental, pois ele pode ser beira de caminho, terreno pedregoso, lugar de espinhos ou terra boa. O que acontece com os diversos lugares também são detalhados no próprio contexto narrativo.

O lugar, na verdade, segundo a parábola, é cada ser humano, em suas inúmeras possibilidades diante da vida e diante de um Deus presente e que fala. O escopo humano é sempre a plenitude, o produzir frutos, cem, sessenta ou trinta por semente. Mas, as “atrações” do tempo presente, os enganos que se apresentam no caminho, as ilusões alimentadas pelo coração e pelos olhos, podem tornar o terreno improdutivo e totalmente tomado por razões que não são as de dar à semente o lugar mais adequado possível para que possa se desenvolver, com raízes profundas e em terreno fértil. Nesse aspecto, a expectativa do semeador, de Deus, será plenamente realizada se cada ser humano superar sua improdutividade e trabalhar terra boa, sendo ouvinte cordial e praticante fiel da palavra de Deus.

 

Frei Salésio Hillesheim

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