O JUIZ E A VIÚVA

Este é o primeiro de dois domingos em que Jesus nos conduz pelo tema da oração. Neste se diz claramente que a parábola contada por Jesus tem por finalidade mostrar aos discípulos que é necessário rezar sempre, e nunca desistir.

Não se diz o que é rezar, mas se deduz pela parábola que se trata de um relacionamento entre um carente e um poderoso; entre alguém que precisa e entre alguém que pode conceder e facilitar o que lhe é pedido. Não se trata, portanto, de um relacionamento amigável e oportuno, mas de uma premência imediata. Da mesma forma, de um relacionamento que traz de um lado a expressão de indignação e, de outro, um atendimento por conveniência. É assim que a parábola caracteriza os dois personagens centrais: o juiz e a viúva.

Neste contexto, a viúva necessitada e impertinente bate à porta de um juiz acomodado e insensível. Ele se recusa por muito tempo a atendê-la. Por fim só a atende para pôr fim a um incômodo. A insistência e a perseverança da viúva arrancaram a ação favorável do juiz.

Poderíamos interpretar erroneamente que nosso Deus é representado por tal juiz iníquo, lento, frio e distante que só age para deixar de ser incomodado. A própria parábola corrige essa possível visão com a pergunta: “E Deus, não fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele? Será que vai fazê-los esperar?”

Resta, portanto, o modo de proceder da viúva, que nos representa e nos caracteriza. Sua maneira de agir, nos faz descobrir que nosso relacionamento com Deus tem que ser perseverante, que não é próprio nosso pedir coisas que possam representar algum acúmulo. O que ela pede é o direito à liberdade, de não ser injustiçada, de poder viver plenamente sua condição de mulher e viúva. Pede, então, apenas o direito de ser livre, de não ser injustiçada por um adversário injusto.

Seja, pois, este o nosso caminho de oração também.

Frei Salésio Hillesheim

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