MURMÚRIOS DA VIDA

Neste domingo, chegamos à conclusão da fala de Jesus sobre o Pão da Vida, segundo o Evangelho de São João. Para efeitos desta narrativa, temos duas formas de rejeição ao projeto de Jesus: dos judeus e dos discípulos. Dos que não reconhecem a Cristo, mas também uma certa resistência dos discípulos de Jesus. Comer a Carne de Jesus e beber o seu Sangue são motivos de escândalo.

Todos nós aprendemos que a igreja deve ser um lugar de acolhida muito especial. Assim deve ser! Acolher bem, com alegria, com palavras dóceis e carinhosas para que o outro se sinta membro da família. Também ouvimos dizer, que não devemos constranger nenhum de nossos fiéis. É melhor calar o bico, do que fazer prevalecer nossas ideias e argumentos. A princípio, isto nos parece muitíssimo positivo. Porém, a atitude de Jesus tem um detalhe decisivo para o seu seguimento: suas palavras são duras. Nos parece que Jesus não está preocupado com o número de seus seguidores ou se vai agradar ou não os seus ouvintes, mas está preocupado com os que querem ser de fato fiéis ao seu projeto de vida.

Diante desse fato, seria muito oportuno se hoje tivéssemos a coerência, não só de ouvir, mas de nos perguntar se nós estamos na Igreja por FÉ mesmo ou por costume, por tradição ou por mera conveniência religiosa. Quem de nós já não teve a tentação por razões pessoais, fúteis, desacordos, ciúmes, intrigas, desavenças, descontentamentos, pensamentos diferentes e outros…? A tentação de jogar a toalha e ir embora? Será que não estamos sempre mais preocupados com o bem estar aparente, com a nossa verdade, com o nosso ponto de vista, com o sucesso de nossas liturgias, de nossas pastorais, dos nossos movimentos, das atividades sociais, do número de fiéis, da grandeza e prestígio de nossa comunidade? A pergunta de Jesus hoje nos interpela, para o que move tudo isso, o que dá sentindo a tudo o que fazemos é a FÉ em CRISTO CRUSCIFICADO, amor eucarístico permanente, “Carne e Sangue” de Jesus. Ele quer que fiquemos com Ele, para vivermos no dia a dia o Memorial de sua doação plena. Comer sua carne e beber o seu sangue, significa dar a nossa própria vida como Memorial Eucarístico. O essencial de Jesus não é a nossa glória, mas a negação total de nós mesmos como forma de doação plena a Deus. Ou então, nos protegemos debaixo do guarda-chuva das boas intenções ou nos justificamos nos nossos murmúrios… Eu e você, pergunta Jesus: Quereis ir embora também?
                                                                                                        Frei Luiz Colossi

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