Estamos novamente no Tempo Comum do Ano Litúrgico. Conforme sua pedagogia, Jesus faz perguntas frequentes no seu dia a dia. Aproveita as respostas, quase sempre distorcidas ou compreendidas pela metade, para corrigir e apontar a verdadeira dimensão de sua proposta. O trecho do Evangelho que lemos neste 12º Domingo do Tempo Comum tem essa dinâmica.
Na resposta que os discípulos dão à pergunta: “Quem o povo diz que eu sou?”, Jesus conclui que não tinham compreendido direito sua pessoa e sua missão. Segundo o povo, ele seria um novo João Batista, Elias ou até algum profeta antigo. Os próprios apóstolos até viam nele o Messias anunciado, mas com características que não correspondiam ao caminho que ele estava enfrentando, que livremente assumira e ensinara. Jesus explica, então, que o Messias-profeta passa pelas vias do sofrimento e por escolhas nítidas em favor dos últimos e dos excluídos. Seu compromisso não estava ligado ao poder, nem ao mando, nem ao templo e à tradição legal. Seu compromisso tinha o perfil dos profetas que dão sua vida e enfrentam a morte por amor.
Sua colocação valia, assim, até para as perguntas que os escribas e fariseus haviam feito sobre sua autoridade, sobre o perdão dos pecados dado por ele, ou, como os mesmos discípulos já tinham se questionado: “Quem é este a quem os ventos e o mar obedecem?” O ilustre Herodes, em seu temor de perder o poder, também havia se perguntado se Jesus não era João Batista ressuscitado.
Na pergunta direta e seca aos discípulos “E vós quem dizeis que eu sou?” o Mestre mostra que sua vida tem opções que os próprios discípulos devem assumir, como condição de viverem com ele e a partir dele. Opções que têm confrontos, compromissos, lutas e escolhas claras. Assim, “quem Jesus é para mim?” tem ressonância em nossa vida real, na maneira como nos engajamos por um mundo justo, fraterno, compartilhado e de todos. Os últimos serão sempre a grande referência de qualquer empenho e busca.
Para Jesus, as consequências de suas escolhas passaram pela desaprovação do sistema do templo e das injustiças religiosas, praticadas em nome da lei e de Deus, pela valorização das pessoas excluídas e rejeitadas pelo próprio sistema religioso e pela ida constante aos doentes, possessos, publicanos, pecadores, todos traídos sempre pela lei dos intérpretes da lei.
Onde nos situamos nós diante de Jesus?
Frei Salésio Hillesheim