Indulgência Plenária

INDULGÊNCIA DE GRECCIO

promoção da graça e auxílio pastoral

Como é de conhecimento de todos, o Papa Francisco, através da Penitenciaria Apostólica, concedeu, a pedido dos superiores da Família Franciscana, a possibilidade de que, nas igrejas ligadas aos conventos e casas religiosas franciscanos e sob seus cuidados pastorais em todo o mundo, todos os fiéis que se colocarem diante de um presépio exposto e ali se entregarem a um tempo de devota oração, poderão lucrar a graça da Indulgência Plenária de Greccio. Tal graça será concedida entre os dias 8 de dezembro de 2023 (Solenidade da Imaculada Conceição da Bem-aventurada Virgem Maria) e 2 de fevereiro de 2024 (Festa da Apresentação do Senhor).

As já conhecidas disposições para a aquisição da Indulgência de Greccio, além da visita a uma igreja franciscana e um momento de oração diante do presépio, são:

  • celebrar a Confissão sacramental;
  • participar da sagrada Comunhão, preferencialmente na Santa Missa;
  • rezar pelas intenções do Papa, sugerindo-se o Pai Nosso e a Ave Maria, mas podendo ser qualquer oração à escolha do fiel.

Importa recordar que estas disposições não precisam, necessariamente, ser cumpridas no dia da visita à igreja e ao presépio, mas podendo ser algum tempo antes ou depois – cerca de 20 dias.

Estas são as disposições práticas que, certamente, sem a devida consciência e instrução, podem se tornar meras regras a serem cumpridas passo-a-passo sem que sejam assumidas como um modo de viver o processo de conversão ao Evangelho, de identificação com a vida de Jesus e transformação da pessoa à semelhança com Deus, especialmente no seu modo de estabelecer relação com a humanidade marcado pelo amormisericórdia e comunhão. Não sem motivo, as três disposições para lucrar a Indulgência Plenária se relacionam com estas três dimensões.

Assim, para auxiliar na ação evangelizadora em nossas presenças, de modo que a promoção da graça da Indulgência de Greccio seja marcada por uma consciente e saudável experiência cristã, importa ressaltar alguns aspectos da doutrina sobre as indulgências.

Nas indulgências se manifesta a plenitude da misericórdia do Pai, que vem ao encontro de todos com o seu amor, manifesto principalmente no perdão das culpas. Este perdão é concedido ordinariamente por meio do sacramento da Penitência quando o fiel celebra sua confissão sacramental. Isso porque o pecado grave separa o fiel da vida da graça com Deus, não porque Deus o puna, mas porque o fiel assim escolheu viver, afastando-se da santidade a que é chamado. A Igreja, ao ser dotada por Cristo com a graça de perdoar em seu nome, é no mundo, a presença viva do Seu amor que se inclina sobre toda a fraqueza humana para a acolher no abraço da sua misericórdia aqueles que O buscam.

O sacramento da Penitência oferece ao pecador uma nova possibilidade de se converter e ser inserido novamente na plena participação da vida da Igreja. Perdoado, ele recupera a comunhão com o Pai e com a Igreja, especialmente com a retomada da participação da Eucaristia. Entretanto, a Igreja está convencida de que o perdão, concedido gratuitamente por Deus, implica como consequência uma real mudança de vida, o compromisso de progressivamente romper com o mal interior renovando a própria existência. O ato sacramental, deste modo, deve ser acompanhado por um ato existencial. Se o sacramento da Penitência perdoa a culpa diante da decisão de pecar, a indulgência auxiliará na cura da pena temporal consequente do pecado, que se dá pelo compromisso e busca do fiel pela conversão, mas que é auxiliada pela graça de Deus que não nos deixa sozinhos nesta caminhada.

Importa reafirmar este último aspecto. O fiel não está sozinho em seu caminho de conversão. Em Cristo e por Cristo, a sua vida encontra-se ligada por um vínculo misterioso à vida de todos os outros cristãos na unidade do Corpo místico de Cristo. Se Cristo, através da Igreja, nos concede o auxílio sobrenatural no processo de conversão através das indulgências, elas não são lucradas apenas em favor de um único indivíduo, mas se tornam patrimônio de bens espirituais a ser compartilhado por todos os membros da Igreja em virtude do qual a santidade de um é de proveito aos outros numa medida muito superior ao dano que o pecado de um pôde causar aos demais. Há pessoas que deixam atrás de si uma espécie de saldo de amor, sofrimento suportado, pureza e verdade, que atrai e sustenta os outros. Cada passo neste caminho de conversão, portanto, é possibilidade de auxílio às outras pessoas em seu próprio processo de conversão.

Uma imagem que ilustra bem o suficiente esta doutrina é a de um belo vitral que enche os olhos de todos que o contemplam e que, por algum motivo, alguém decide arremessar uma pedra e destruir parte da obra de arte. A decisão e o gesto foi individual, mas o dano atingiu a contemplação de todos. Uma vez arrependido de seu ato, aquele que provocou o estrago se dispõe a pedir perdão ao Dono do vitral que, movido pela bondade, não se nega a perdoá-lo. Entretanto, a cura da culpa não significa, ainda, que o dano causado foi reparado. Aquele que se arrependeu fará uso do que lhe for possível para consertar o vitral e restaurar sua beleza. Ciente de que as ferramentas do Dono do vitral são as mais adequadas e mais eficientes para o trabalho, fará uso das mesmas para alcançar seu intento, não por obrigação, mas por querer ver a plena beleza do vitral outra vez não apenas para seus olhos, mas para todos. E seus esforços, assim como toda sua história de transformação, será testemunho e contributo a todos que dela souberem, sendo beneficiados não somente por poder contemplar a beleza da obra de arte outra vez, mas também por saberem, agora, que é possível restaurar os danos que cada um possa, por sua vez, ter provocado e do qual se arrepende.

A partir destes aspectos torna-se evidente que as indulgências não são atos a serem cumpridos pro forma em vista de um bem exclusivo e mágico, mas expressão graciosa daquilo que todos buscamos viver e testemunhar quando livremente decidimos ser e permanecer membros da Igreja e discípulos de Jesus Cristo.

Na prática pastoral, a fim de não se incentivar uma piedade pouco saudável e por demais intimista, seria aconselhável dedicar algum tempo a explicar o que a Igreja entende por indulgências e, talvez ajude, reafirmar que estas são apenas uma das práticas possíveis à caminhada cristã. Certamente, aqueles que as praticam e buscam gozam do auxílio divino por adotarem para si as práticas propostas pela Igreja Universal a todos os seus membros, todas elas capazes de conceder indulgências como a oração do terço, a leitura e meditação da Palavra de Deus, a visita ao cemitério e a oração pelos fiéis defuntos, assim como outras obras de misericórdia…

Portanto, a Indulgência de Greccio, assim como outras formas de participar da graça das indulgências, é rica oportunidade, expressão da generosa missão salvífica de Cristo da qual a Igreja participa, concedida aos fiéis para prosseguir em sua caminhada de conversão de vida em fidelidade à vocação de santidade que todos partilhamos pelo Batismo e muito querida e desejada por nosso Seráfico Pai São Francisco de Assis para todos os homens e mulheres do mundo.

Você conferiu todos os presépios da nossa paróquia? Acesse e confira: https://www.instagram.com/p/C15hNQdxUKQ/

Texto: franciscanos.org

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