Exulto em Deus, meu Salvador

Os Evangelhos, sobretudo o de Marcos, descrevem uma longa caminhada de Jesus, desde o norte da Palestina até Jerusalém. Mas não é a geografia e o tempo que contam, e, sim, uma outra caminhada: a que deve fazer todo o discípulo, ajudado pelos ensinamentos novos de Jesus. Trata-se de um verdadeiro caminho de fé, de uma lenta passagem do homem carnal ao homem espiritual (Gl 5,16-25). Também a Liturgia de hoje traz a viagem como símbolo: Maria parte de Nazaré, desce ao longo do rio Jordão e sobe as montanhas de Judá até Ain Karem, onde moravam Zacarias e Isabel, pais de João Batista. Na casa de Isabel canta o Magnificat, o hino da encarnação, o hino do agradecimento, o hino do cumprimento das promessas.

Chamei a viagem de símbolo. Não que ela não tivesse acontecido. Mas por mostrar muito bem uma outra viagem que celebramos hoje. Maria, que saiu de si mesma, renunciou a seus interesses para servir com exclusividade o mistério de Cristo; desceu, durante a vida, às baixuras da humanidade pecadora, fazendo-se, como seu Filho, solidária com os irmãos (Hb 2(17), assumindo a condição de serva, humilhando-se em tudo (Fl 2,7-8); depois subiu com ele a noite do Calvário, alcançou a manhã solar da Ressurreição; da Páscoa subiu aos céus, cantando uma segunda vez o Magnificat, para agradecer a glorificação da humildade e da pequenez, a vitória sobre a morte, as grandes coisas operadas por Deus em benefício seu e da humanidade.

Frei Clarêncio Neotti

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