Nesta semana terminamos o ano litúrgico. Como fazemos anualmente, retomamos nossa caminhada cristã, deixando-nos moldar pelo Cristo que nasce em nós, vive em nós, morre e ressuscita em nós e nos provoca a sermos discípulos e discípulas ouvintes de sua palavra e semeadores de vida nova onde estivermos.
Assim, hoje concluímos um processo que nos acompanhou desde o primeiro domingo do Advento do ano passado até este último domingo, o de Cristo, Rei do Universo. Confrontamo-nos conosco e com Cristo, em cada domingo, em cada momento litúrgico, em cada palavra que ouvimos e em cada encontro que celebramos com Jesus. O objetivo foi sempre o de nos configurarmos com Jesus e sermos com ele construtores de um reino de homens e mulheres servidores, imbuídos de amor e carregados de compaixão.
Hoje, olhamos ainda com mais intensidade para Jesus. O Evangelista Lucas nos diz que foi chamado de Rei por Herodes, sem nunca ter tido atitudes de poder ou superioridade. Ele foi um rei sem poder, mas carregado de compaixão, de amor, de serviço, de compaixão, de amor, de serviço. Rejeitou salvar-se a si mesmo, mas deu o paraíso a quem lhe pedia ao menos uma lembrança.
Este será sempre o desafio maior para todos nós cristãos: se caminhamos com Jesus, não podemos viver como quem julga ter, em nome de Jesus, poder de condenar, criticar, excluir, rejeitar. O perfil que Cristo implanta em nós por sua palavra e exemplo é o de que somos pessoas e comunidades em caminho, busca, mudança. Configuramo-nos com o Cristo amável, misericordioso, tolerante, aberto, livre, justo, respeitoso e compassivo. Um irmão entre irmãos, gerador de esperanças e incentivador de sonhos de vida e justiça.
Celebrar Cristo, Rei do Universo, é aproximarmo-nos deste mundo marcado tão tragicamente por gestos e formas de poder e devolver-lhe, como seguidores de Jesus, a suavidade e a leveza da paz, da humanidade, da proximidade e da permanente inclusão de quem quer que seja.
A verdade é que em nossa cruz cabe também um crucificado.
Frei Salésio Hillesheim
