CONVERSÃO: CAMINHO DE TODOS

Neste terceiro domingo da Quaresma (Lc 1,1-9), Jesus nos chama à conversão, como caminho responsável de cada um e modo indispensável no processo de assimilação de sua mensagem renovadora e plenificadora de cada ser humano. Em nenhum momento ele deixa transparecer que ela (conversão) deva passar por autojulgamento ou autopunição. A leitura correta dos fatos é necessária e toda interpretação mal feita leva a culpar os outros; jamais a si mesmo. O presente é sempre da responsabilidade de cada um de nós.

Como tantos outros, certamente, esses fatos arrolados por Jesus eram usados para dizer que o mal era consequência do pecado. Tal visão corrente entre os judeus, distorcia a imagem de Deus e a imagem de si mesmo e, infelizmente, levava não só o que sofria de qualquer mal ou doença, a se considerar culpado diante de Deus, como também sabia que era considerado pecador e culpado pela própria sociedade. Sofria, portanto, de uma culpa eterna, impagável, não cometida por ele próprio, mas consequência de um pecado praticado por ele ou por algum membro da família, independentemente de tempo ou circunstância.

Em oposição a isso, também era visão corrente quem não sofria de alguma limitação ou mal, podia se considerar divinamente abençoado e assim também era considerado pela sociedade.

O princípio de Jesus é outro: todos necessitamos de conversão. Todos somos igualmente queridos e abençoados por Deus e chamados a percorrer um caminho de responsabilidade pessoal e coletiva diante do que todos somos e dentro do mundo em que vivemos. O mal e o pecado estão na nossa raiz, sim, mas a responsabilidade sobre eles depende exclusivamente de nós. Da mesma forma, a conversão, a responsabilidade de mudança sobre o presente, é tarefa de cada um e de todos. Nós construímos nosso presente e determinamos nosso futuro.

Assim, podemos achar que Deus é o Senhor que castiga porque nós ou nossos antepassados cometemos alguma culpa, algum erro. Nossa vida, porém, não é uma fatalidade do acaso nem consequência de ações ruins de outros. É, com certeza, uma oportunidade de encontro constante com o Deus da vida e que gera em nós constante vida nova. Foi isso que Jesus nos revelou e é isso que ele espera que assumamos integralmente. O mal ou o bem são caminhos que dependem exclusivamente de nós.

Frei Salésio Hillesheim

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