Celebramos neste domingo a Assunção de Nossa Senhora. As leituras nos colocam no clima da graça e da alegria que resultam do convívio com Deus. É sua simpatia que se estende sobre toda a terra e envolve de maneira particular a Mãe de Jesus e nossa Mãe. Ela é a cheia de graça e nela todos somos tornados bem-aventurados. Elevada ao céu é para cada um de nós o sinal permanente de nosso amanhã.
É assim que somos convocados por este evento, a levantar a cabeça e a olhar para o futuro. O mal, a morte, o erro e as dificuldades da vida não são a força mais gritante na existência humana. Deus é o grande vitorioso em toda a fraqueza e miséria que nos envolve. Nossa peregrinação não se sustenta a partir do que nós podemos nem por nossos méritos, mas a partir do que Deus pode e realiza em cada um de nós. Mesmo que sejamos tentados, em muitos momentos a nos movermos por um negativismo mortal, há um porvir que ilumina todo o nosso presente e nos faz superar todas as forças do mal que se fazem possíveis em nós. Maria nos diz que em Deus o mal e a morte não são vitoriosos. Nela, Deus manifestou seu ser benevolente.
Por isso mesmo, a Assunção de Maria ilumina nossos passos e nossos dias. Seus passos, por entre os apelos e os desafios de cada dia, apontaram para uma grandeza que lhe era infundida pela união com o Deus dos pequenos e dos humildes, o Deus da Aliança e da Misericórdia. Ela trilhou o caminho que a leva a Zacarias e Isabel, enquanto caminho de comunhão e de solidariedade, inúmeras vezes em sua vida. Não apenas naquela narrada pelo Evangelho de Lucas. Em tudo e em todos os momentos, ela foi ao encontro dos outros e permitiu que Deus falasse por ela e por ela fosse ele ouvido. É dessa escuta e da ação misericordiosa de Deus, experimentadas por ela em todo o tempo, que ela canta no Magnificat.
Nele (Magnificat) se encontra um caminho de elevação, de passagem do humano para o divino, do terrestre para o celeste, do finito para o infinito. De um lado, está o Deus que derruba a insuficiência humana, a aparente força dos poderosos e os meios enganadores do poder e do dinheiro; de outro, o Deus que é misericórdia na fragilidade humana, na ousadia dos pequenos e no serviço dos humildes. Maria foi, em tudo, a mulher que revelou este caminho de elevação, enquanto graça e força do próprio Deus.
Que o céu nos seja dado sempre pela misericórdia do bom Deus, pelo serviço aos outros, pela comunhão solidária e fraterna com cada ser humano-irmão e por tudo aquilo que fazemos extraordinariamente no ordinário de cada dia.
Frei Salésio Hillesheim