No sermão da montanha (Mt 5,1-12), Jesus proclama como bem-aventurados (felizes) os pobres, os aflitos, os humildes e os que têm fome e sede de justiça. Também bem-aventurados os misericordiosos, os puros de coração, os que promovem a paz, os perseguidos, os injuriados e demais pessoas que sofrem todo tipo de mal, pelo fato de abraçarem a proposta de Jesus.
Aplicando a Palavra à Solenidade de Todos os Santos, que celebramos neste domingo, poderíamos nos perguntar: Quem de nós consegue colocar em prática as bem-aventuranças? Ou ainda, será que nós podemos ser santos?
Num primeiro momento, poderíamos afirmar que isto seria impossível, pelo fato de ser um ideal que somente alguns santos, já canonizados, conseguiram aplicar em seus projetos de vida. Porém, quando afirmamos que só os santos conseguiram isso, é porque avaliamos os santos, a partir do final de suas vidas, como se a santidade conseguida fosse a cereja do bolo. Ao contrário, se avaliarmos a vida dos santos a partir do início de seu itinerário existencial, certamente mudaria o nosso modo de entender o caminho que eles empreenderam em seu projeto cristão. Tais pessoas, pelo fato de serem humanos, muito pecaram e muito intercederam a misericórdia divina num processo de conversão contínua, colocando em prática as bem-aventuranças.
Assim como existem os santos canonizados pela Igreja, existem outros santos, canonizados por nós, tais como: a minha mãe, o meu pai, a minha avó e o meu avô. Estas pessoas foram santas ou continuam sendo santas, porque focaram todas as suas energias num projeto de busca, que não ficou apenas olhando para o céu. O itinerário da santidade é aberto, buscando a ajuda do alto, porém com os pés fincados no chão da realidade existencial. A vida humana é uma plataforma, aberta à graça divina, como a terra que faz germinar a semente, faz crescê-la e produzir bons frutos de santidade. Neste modo de viver, todos nós podemos colocar em prática as bem-aventuranças na seara onde vivemos, em busca da santidade pessoal, social e comunitária, iluminados pelo Espírito do Senhor!
Frei Ivo Müller
