Quem és tu?
Irmãos e irmãs, estamos bem próximos do Natal, dessa experiência de encontro, de revitalização e ressignificação de nossa vida. O Advento deve nos ter ajudado, até aqui, a descobrir o quanto Deus está próximo de nós e entre nós, ainda que entre inseguranças e buscas, tão próprias de nossa natureza.
O Evangelista João nos apresenta hoje outro João, o João Batista, a testemunha da luz. E acrescenta de forma extraordinária a finalidade do seu testemunho: “Para que todos cheguem à fé por meio dele”. Chegar à fé é ver-se completamente inserido no coração e na vida de Deus. De um Deus que age e que nos faz descobrir quem nós realmente somos e qual é também nossa vocação e missão. Em outras palavras, a fé nos faz, obrigatoriamente, testemunhas, mensageiros, anunciadores daquele que nos amou e ama profundamente.
É assim que João Batista se entende. Interrogado sobre sua identidade ou missão, ele declarará de modo direto e simples que não é o Messias, que não é Elias e que não é o Profeta. Ele diz de si aquilo que ele é em sua fé, em sua intimidade com Deus, em seu testemunho: “Eu sou a voz que grita no deserto: aplainai o caminho do Senhor”.
Há, pois, no testemunho desse homem extraordinário, uma convocação que se volta para todos: “Aplainar o caminho do Senhor”, tornar viável, possível, a presença daquele que ainda não é verdadeiramente conhecido.
Os questionadores receberam, assim, a resposta que eles, certamente, não esperavam. Encontraram um homem possuído pela graça amorosa de um Deus presente na história e na vida das pessoas, que deve ser encontrado e de quem todos podem se tornar testemunhas.
Em João encontramos, assim, nosso sósia. Permanece, porém, também para cada um de nós a velha e atual pergunta: E você, o que diz de si mesmo? Qual sua missão? Qual seu testemunho?
Frei Salésio Hillesheim