1º domingo da Quaresma

HÁ ALGO POR SER (RE)CRIADO EM NÓS

Este é nosso 1º Domingo da Quaresma. Ainda que marquem e determinem um tempo, os quarenta dias da Quaresma representam um movimento, um modo de trazer para perto de nós aquilo que importa: viver em perspectiva de ressurreição, de reconstrução, de recriação de nós mesmos, conduzidos pelo Espírito de Deus e inseridos em sua santa inspiração.

O Evangelho deste domingo nos situa nesse horizonte vital e nos faz ver em Jesus nossa própria dinâmica existencial. Como diz o exegeta francês Jean Debruynne: “Marcos, para abrir a Quaresma, coloca o mundo em movimento. Após ser batizado por João, o Espírito leva Jesus ao deserto. Assistimos à criação de um mundo novo. É um novo Gênese. O Espírito de Deus que pairava sobre as águas do Jordão no batismo de Jesus empurra-o ao deserto porque o deserto é a terra informe e vazia desde o princípio do mundo. Jesus mora lá entre os animais selvagens. O homem ainda não nasceu. O nascimento do homem novo é justamente a vocação de Jesus. A prisão do Batista vai ser o sinal: Convertam-se e creiam na Boa Nova!”.

            O movimento de recriação é nosso. E recriar significa também confrontar projetos, decidir posturas e assumir novos compromissos. Isso se faz no deserto da vida, nestes dias eternos dos “quarenta dias” que são nosso hoje e nosso sempre, num movimento que jamais termina.

Conversão é se dar conta de que há um homem novo por nascer e nascendo constantemente dentro de cada um de nós, fruto de atenção, cuidado e empenho. O estabelecimento de relações significativas com os irmãos e irmãs, com Deus e com nossa própria história de amor, que compreende também integração e doação, definirão o quanto a Boa Nova de Jesus cria corpo em nós e nos associa a ele que do batismo foi levado ao deserto e, tendo claro que o projeto de Deus não coaduna com os projetos do diabo, passou do deserto à missão, numa entrega total e irrestrita de todo o seu ser, até à morte.

Seja a Quaresma para todos nós a assimilação de um novo jeito de viver, que se traduz em gestos de comunhão, solidariedade e de todas as formas de vida nova propostas por Jesus e levadas a bom termo por ele.

Frei Salésio Hillesheim

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