Inúmeros são os que foram perseguidos e até morreram por terem defendido a justiça e a solidariedade. Quem é o profeta, é perseguido, mas, se permanece fiel à sua missão, Deus não o abandona. Quem luta por Deus pode contar com ele (1ª leitura).
Jesus enviou seus discípulos para anunciar e implantar o Reino de Deus (cf. dom. passado). No evangelho de hoje, ensina-lhes a firmeza profética. Ensina-lhes a não ter medo daqueles que matam o corpo, mas a viver em temor diante d’Aquele que tem poder para destruir corpo e alma no inferno, o Juiz supremo!
Há uma relação de representatividade entre Jesus e o Pai. Quem for testemunha fiel de Cristo, será por ele recomendado a Deus. Isso era válido no tempo em que o evangelho foi escrito, quando se apresentavam as perseguições e as deserções. Continua válido hoje. Se Cristo nos associa à sua obra e nós lhe somos fiéis, podemos confiar que Deus mesmo não nos deixa afundar; Jesus se responsabiliza por nós. Mas, se deixarmos de dar nosso testemunho e cedermos diante dos ídolos (poder, lucro etc), espera-nos a sorte dos ídolos: o vazio, o nada… É uma questão de opção.
Proclamar o Reino em solidariedade com Cristo significa, hoje, empenho pela justiça. Empenho colocado à prova por forças externas (perseguições, matanças de agentes pastorais sindicais) e internas (desânimo, acomodação etc.). No nosso engajamento, podemos confiar em Deus e sua providência; e por causa de Deus podemos confiar em nosso engajamento, permanecer firmes naquilo que assumimos, mesmo correndo perigo de vida – pois é melhor morrer do que desistir do sentido de nossa vida. É melhor morrer em solidariedade com Cristo, do que viver separado dele.
A mensagem principal deste evangelho, todavia, talvez não seja exortação que ele nos proporciona, mas a posição central de Jesus que ele nos ensina. É segundo nossa fé professa em Jesus ou segundo nossa negação dele que Deus nos julga. Isso não é ambição desmedida de Jesus, mas mero realismo. O caminho de Jesus nos mostra e a respeito do qual ele pede nosso testemunho, é o caminho da vida. Não podemos, diante do mundo, professar o contrário, pois então negamos diante de Deus o caminho de vida que, em Jesus, ele nos proporciona. Em outros termos, é uma questão que diz respeito a Deus, referência última do nosso viver.
Do livro “Liturgia Dominical”, de Johan Konings, SJ, Editora Vozes