Uma cultura da paz

 

São muitos os conflitos que sacodem hoje nossa sociedade. Além das tensões e enfrentamentos que ocorrem entre as pessoas e no seio das famílias, graves conflitos de ordem social, política e econômica impedem entre nós a convivência pacífica.

Para resolver os conflitos, sempre temos que fazer uma opção: ou escolhemos a via do diálogo e do mútuo entendimento, ou seguimos os caminhos da violência e do enfrentamento. Por isso, muitas vezes o mais grave não é a própria existência dos conflitos, mas o fato de que se pode acabar acreditando que os conflitos só podem ser resolvidos por meio de imposição da força.

Diante desta “cultura da violência” temos que promover hoje uma “cultura da paz”. A fé na violência deve ser substituída pela fé na eficácia dos caminhos não violentos. Temos que aprender a resolver nossos problemas por vias dignas do ser humano. Não fomos feitos para viver permanentemente no enfrentamento. Antes de qualquer outra coisa, somos humanos e chamados a entender-nos buscando honestamente soluções justas para todos.

Esta “cultura da paz” exige que se busque a eliminação das injustiças sem introduzir outras novas, e sem alimentar e aprofundar mais as divisões. Só os que resistem aos meios injustos e combatem todo atentado contra a pessoa podem ser construtores de paz.

Além disso, uma “cultura de paz” exige que se crie um clima de diálogo social promovendo atitudes de respeito e escuta mútuos. Uma sociedade avança para a paz renunciando aos dogmatismos, buscando a aproximação de posturas e esclarecendo no diálogo as razões em confronto.

A “cultura da paz” sempre se arraiga na verdade. Deformá-la ou manipulá-la a serviço de interesses partidaristas ou de estratégias obscuras não levará à verdadeira paz. Mentir e enganar o povo sempre geram violência.

A “cultura da paz” só se assenta numa sociedade quando as pessoas estão dispostas ao perdão sincero, renunciando à vingança e à revanche. O perdão liberta da violência do passado e gera novas energias para construir o futuro entre todos.

No meio desta sociedade, nós, cristãos, temos que escutar de maneira nova as palavras de Jesus, “deixo-vos a paz, eu vos dou a minha paz”, e temos que perguntar-nos o que fizemos dessa paz que o mundo não pode dar, mas precisa conhecer.

 

José Antonio Pagola

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