Por uma fé silenciosa e operante

Em tempos de valorização excessiva da imagem, da busca frenética pela visibilidade nas redes sociais, Jesus apresenta a fé como semente discreta, pequena, frágil, mas cheia de força. É a fé escondida de milhões de pessoas que buscam viver plenamente o mandamento do amor, independente do credo que professem: “Amai-vos uns aos outros”. Este testemunho corajoso e perseverante ultrapassa os limites do templo, chega aos recantos mais inimagináveis da existência humana e tem a capacidade de aliviar dores, curar feridas, erguer caídos, transformar corações. Quase sempre sem publicidade ou badalação.

Na comparação que apresenta no texto do Evangelho, Jesus apela para uma imagem quase pirotécnica, de uma árvore que se transplanta do solo para o mar. Um feito prodigioso! O Mestre, em sua sabedoria humano-divina, recorre a esta metáfora exagerada porque sabe o quanto cada pessoa precisa empenhar-se para transplantar do próprio coração medos, ressentimentos e egoísmos que a impedem de viver com liberdade, alegria e gratidão a sua fé.

Se levarmos a sério o que Jesus ensina, não é difícil perceber que ser crente e fiel pouco tem a ver com o domínio de normas e regras ou com a ostentação de conhecimento relativo a doutrinas. Ter fé, em resumo, é ter a coragem de sair de si, abandonando-se aos cuidados de Deus para se colocar no cuidado do próximo. Trabalhemos, unidos, por um mundo onde a fé seja mais silenciosa e operante, onde as pontes se sobreponham aos abismos que se formam quando o orgulho e à prepotência são praticados em nome de Deus. Quem se coloca com sinceridade e sabedoria a serviço do Reino não tem preocupação em ser exaltado e aplaudido, nem de ser o único correto diante de uma legião de errados, mas apenas se reconhece como servo inútil, que não faz nada além do que deveria fazer (Cf. Lc 17,10).

Frei Gustavo Medella

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