Perguntar não ofende, mas pode comprometer

“Perguntar não ofende”, diz o ditado. Perguntar, no entanto, nem sempre é fácil. Ainda mais quando a resposta compromete a quem perguntou. No Evangelho deste 3º Domingo da Páscoa, os discípulos não ousam perguntar quem era aquele homem que de repente apareceu na praia e proporcionou-lhes uma pesca milagrosa. Sabiam que era Jesus, mas ainda não tinham muita clareza do que lhes aconteceria depois da Morte e Ressurreição do Mestre. Não possuíam ainda a certeza de estarem prontos para ouvir a resposta. Talvez nunca estivessem.

No entanto, Jesus não desiste de confirmar sua confiança no grupo de seguidores que escolhera. É capaz de instruí-los para uma pesca abundante, prepara-lhes uma refeição e exorta Simão Pedro na condução do rebanho. Se no deserto havia multiplicado pão e peixe para a multidão faminta, agora, lançando mão do mesmo cardápio deseja multiplicar coragem e esperança no coração de seus discípulos, oferecendo-lhes a certeza de que deviam prosseguir na caminhada, ainda que sobreviessem sofrimentos e dificuldades.

Ao revelar o medo e a insegurança que os Apóstolos apresentaram em diferentes episódios, o Evangelista não deseja colocar em xeque a credibilidade deles. O desejo é, justamente, deixar bem claro que faz parte do Projeto da Encarnação o abraço de Deus à fragilidade humana. Da Graça de Deus, portanto, ninguém se faz merecedor. Ela é dom gratuito distribuído pelo Senhor de modo generoso e solidário. Levá-la ao conhecimento e à adesão das pessoas é missão da Igreja, da qual todos os batizados e batizadas são responsáveis.

 

Frei Gustavo Medella

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