Meu Senhor e meu Deus!

A dúvida de Tomé é providencial. Ele não deve ter sido o único Apóstolo que demorou a acreditar na Ressurreição. Mateus o diz expressamente: “alguns ainda duvidavam” (Mt 28,17) na hora da Ascensão. A dúvida é em si positiva. É sempre parte do caminho andado na procura da verdade. Por isso mesmo, Jesus não repreendeu Tomé. Ajudou-o a superar a dúvida e o levou a uma perfeita profissão de fé: “Meu Senhor e meu Deus!” (v. 28). Esses dois títulos juntos, no Antigo Testamento, eram reservados a Javé. O Apóstolo não só passou a acreditar que Jesus ressuscitara, porque aí estava e ele podia pôr o dedo nas chagas, mas também viu nele o Cristo de Deus. A palavra “Senhor”, para designar Jesus, só aparece depois da Ressurreição nos escritos sagrados. O Apóstolo Paulo dirá aos Filipenses: “Toda a língua proclame que Jesus é o Senhor!” (Fl 2,11).

Com esse episódio, o evangelista queria lembrar um modo novo de ver e ouvir Jesus. Os Apóstolos o podiam tocar, ver; podiam escutá-lo de viva voz. Mas isso terminaria na Ascensão. Todos os outros discípulos, inclusive Paulo e nós, devemos “crer sem ver”. Se não vemos com os olhos do corpo, não significa que nossa fé seja menor ou menos baseada ou menos firme que a dos Apóstolos. Jesus nos anima muito com a frase: “Felizes os que não viram e creram” (v. 29).

Frei Clarêncio Neotti

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