A espiritualidade franciscana não se inspira tanto em doutrinas e teorias. É, antes, um cultivo personalizado, o celebrar uma pessoa. Trata-se de um encontro pessoal de Francisco com a pessoa de Jesus Cristo. Como diria São Paulo: “Sei em quem acreditei” (2Tm 1,12); ou: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo quem vive em mim” (GI 2,20).
Francisco entendeu que o Pai nos deu seu Filho como Irmão. E como ele amava, respeitava e imitava o Deus Filho, feito homem, Jesus Cristo! E amava-o, sobretudo, nos mistérios em que mais se manifestava o amor do Pai: na encarnação, inventando o presépio, mais tarde, celebrada pela oração do Angelus; na Paixão, inventando o Ofício da Paixão. Era arrebatado pelo amor de Deus; pensando na cruz de Cristo, chegava ao ponto de se debulhar em lágrimas. Nessa linha da meditação da Paixão do Senhor surgiu, mais tarde, a devoção da via crucis.
Frei Alberto Beckhäuser, em “O Jeito franciscano de Celebrar”, Editora Vozes.