Irmãos e irmãs, antes de tudo, uma Feliz e abençoada Páscoa para você, na alegria de podermos estar sintonizados com o Ressuscitado, esperança e vida nossa, luz e força para nossa peregrinação, destino de todos nós. É como ressuscitados/as, já aqui, que nossos passos nos levam para o encontro derradeiro, no qual a vida em plenitude já está sendo saboreada no encontro com o Ressuscitado aqui.
O Evangelho de hoje nos ajuda a entender que nossa vida é e será sempre uma grande peregrinação ao túmulo de Jesus, ainda que o próprio túmulo não seja a razão última de nosso viver. A grande razão é aquele que, saindo do túmulo, se tornou também o nosso amado.
Na narrativa, constatamos que todos os personagens se dirigem ao túmulo. Para Maria Madalena, naquela madrugada escura, dentro e fora dela, a surpresa toca no inesperado do seu coração. O amado e buscado, o sonhado e vivo dentro dela, já não estava no túmulo. Sua lógica havia sido traída. Um estranho mistério a envolvia: o túmulo estava vazio. Impossível. Incompreensível. Mil questões. “Tiraram o Senhor do túmulo, e não sabemos onde o colocaram”, dirá ao discípulo Pedro e ao discípulo amado. E seu papel termina aí. Tiraram… e eu de nada sei…, mas o Senhor estava nela.
Pedro e o outro discípulo encetam uma maratona. O sepulcro é também seu destino, movidos pelas palavras da apaixonada e amiga do Mestre. O outro discípulo é rápido no correr, mas aberto à comunhão. Espera Pedro. Ambos entram no sepulcro. Primeiro Pedro. Pedro fez a constatação da ausência e dos panos que aí ficaram. Realmente, o Mestre ali não estava. João também fez a constatação, mas algo lhe tocou o coração. Ele acreditou. O Mestre estava vivo nele. Aquela ausência lhe falava de outra realidade, de outra esperança, de outro sentido e vida. Também estranho. Mas o coração e a comunhão com o Mestre diziam mais. O vazio tinha sentido. Assim, de fato, é a vida. Ela é desafio a uma grande passagem: dos fatos ao seu significado, do que os olhos veem ao que o coração precisa sentir e ver, do verificar a descobrir e redescobrir, do meramente material ao que é possível para além do material, do ver para o crer, do acompanhar para o estar com, do não verificável para o encontro pleno. E mais: da sepultura para a vida! É a grande aventura de uma vida que caminha e corre lentamente ou apressadamente para o inesperado, para aquilo que o coração precisa e deve surpreender sempre: Ele ressuscitou. E eu o encontrei e encontro. Em outras palavras, sempre corremos para o túmulo, mas o que ali procuramos já não se encontra ali. Ele já está no nosso caminho, na nossa história, dada e revelada pela Escritura, sempre que estivermos com o coração transbordando de amor por ele e tornando nossa a sua história de amor.
Frei Salésio Hillesheim