Solidariedade e salvação

Nesta festa, celebrada no domingo depois da Epifania, a liturgia recorda o batismo de Jesus por João Batista nas águas do Jordão. É mais uma “epifania: Jesus é manifestado como Filho de Deus.”

A 1ª Leitura apresenta o 1º cântico do Servo (Is 42), que recebe o Espírito de Deus para ser a luz das nações e o libertador dos oprimidos. Assim, ao ser Jesus batizado por João, Deus o proclama “seu filho”, e o Espírito de Deus desce sobre ele de modo visível, em forma de pomba – o pássaro mensageiro. Recebendo o Espírito de Deus, Jesus assume sua atividade como enviado de Deus. Por isso, conforme a 2ª leitura, a pregação dos apóstolos a respeito de Jesus iniciava com a menção do batismo de Jesus por João.

Jesus é, portanto, o Servo do Senhor por excelência, o Filho de Deus. Sobre ele repousa o Espírito Santo, o dinamismo de Deus Santo, fazendo com que tudo o que o Filho faz seja obra que Deus deseja (evangelho). Neste sentido devemos compreender a objeção do Batista, que achava que ele devia ser batizado por Jesus e não o contrário. Se Jesus é maior que o Batista, por que deixou-se batizar por ele? Se João Batista batizava para pedir o perdão dos pecados, Jesus não devia estar no meio dos batizados… Ou sim? Pois Jesus é o realizador do desígnio (projeto) de Deus. Jesus quer ser solidário com o povo que ele vem libertar; embora ele mesmo não tenha pecado, pede a João para ser batizado em meio aos pecadores. Assim, ele quer “cumprir toda a justiça”, isto é, o plano de salvação de Deus.

Jesus não se comporta como um privilegiado. Se queremos salvar alguém, tirar alguém do poço, devemos descer até onde ele está… Por isso, Jesus se deixa batizar no meio dos pecadores, cumprindo assim a justiça, o plano do Pai. O batismo de Jesus é despojarmos de sua grandeza divina, e, ao mesmo tempo, manifestação do Espírito. Isso contém um significado para nosso próprio batismo. Para comunicar o Espírito no qual fomos batizados devemos mergulhar no mundo em que vivem os nossos irmãos e irmãs, mundo marcado pela presença do pecado. Jesus participou do batismo do perdão dos pecados porque participava da comunidade humana curvada sob o pecado.

O batismo cristão não significa meramente o perdão dos pecados, como o de João (muito menos mera bênção de saúde ou coisa semelhante). É a participação no batismo de Cristo e na sua missão como Servo de Deus, no Espírito. Nosso batismo deve levar-nos ao serviço de nossos irmãos. Ser batizado é tornar-se Servo do Senhor com Cristo, o Servo por excelência. A preparação do batismo deve ensinar isso aos candidatos, ou aos pais e padrinhos.

Pe. Johan Konings
Fonte: site Franciscanos

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