O MEU REINO NÃO É DESTE MUNDO
A festa de Cristo Rei encerra o ano litúrgico da Igreja Católica. Um novo tempo nascerá: tempo do Advento. O texto bíblico de João 18,33 relata o diálogo de Jesus com Pilatos: “Tu és Rei?” pergunta Pilatos. Jesus responde: “Sim, eu sou Rei, mas não deste mundo”. O Reino de Cristo não tem poder triunfalista, mas está à serviço da Verdade. Por isso, não tem exército e nem soldados, mas a Palavra e o exemplo de vida. Jesus não assume funções de poder temporal.
O fato do poder de Jesus não ser temporal, não significa que não esteja presente e não se realize já neste mundo. Já na oração que Jesus nos ensinou a nos dirigirmos ao Pai, deveríamos dizer: “venha a nós o Vosso Reino”. O Reino de Deus é a salvação e a soberania de amar como filhos. Jesus é Rei, Sacerdote e Profeta, assim como nós nos tornamos pelo Batismo. Somos Reis para servir. Profetas para denunciar a mentira, a corrupção e o pecado. Sacerdotes para anunciar a Verdade e a Boa-nova do Evangelho.
A mentira domina o nosso mundo, tal como a injustiça, se bem que a primeira suscite menos protestos do que a segunda. A mentira e a manipulação da verdade são tão comuns e tão habituais, seja pela mídia, seja no relacionamento pessoal ou informal, político ou social, especialmente em tempos de eleições. Mas cabe a todo profeta denunciar a mentira que contamina a família e a sociedade e anunciar a Verdade que nos liberta, na busca do Reino.
Além da busca da Verdade e da Justiça, queremos um reino de paz, onde todos são iguais, com os mesmos direitos e deveres. Nenhum ser humano é mais do que o outro diante do reino de Deus. Temos a mesma origem e teremos o mesmo destino. Viemos sem nada e sem nada partiremos para esse Reino de Amor.
O Reino de Deus não se conquista pelo poder econômico ou pelo poder da política, pois ambos podem nos afastar da verdade e da dignidade de sermos filhos de Deus. O dinheiro e o poder podem corromper a verdade e a justiça humana, mas não corrompe o Reino de Deus.
Por isso, afirma Jesus: “como será difícil para um rico entrar no Reino de Deus”. Vemos hoje, mais do que nunca, no mundo e em nosso país, que o dinheiro corrompeu e causou muitas injustiças e mortes: na saúde, na educação e na vida social dos que mais necessitam. Crimes que clamam por justiça no Reino de Deus.
Estamos em paz com a nossa consciência? Somos solidários com os que sofrem injustiças e passam fome? “O que fizerdes ao menor de meus irmãos é a mim que estais fazendo?” diz o Senhor. O tempo litúrgico termina hoje com a Festa de Cristo Rei e anuncia um novo tempo: Advento, tempo de Paz e de solidariedade.
Frei Sergio Pagan