O MESTRE COMPASSIVO
O texto evangélico deste domingo (Mc 6,30-34) nos revela a personalidade humana e compassiva de Jesus, ao mesmo tempo em que nos faz olhar para os sentimentos que norteiam a nós e a toda a humanidade.
Jesus não é alguém que sente pena das pessoas. Não é alguém que simplesmente se condói com uma realidade dura e cruel. Ele está próximo, se insere no íntimo de cada ser humano, vibra com cada um, assume a sorte de todos. Ele não passa indiferente ao lado dos que são atingidos por privações de doença, fome, exclusão ou morte. Sua sensibilidade recolhe em si as esperanças, os sonhos e as angústias de cada um. Ele se faz presente ali onde o ser humano precisa encontrar nova rota para sua existência. Com Jesus a miséria humana e as lutas de cada dia ganham um aliado. Essa é a primeira lição do Evangelho que nos leva a concluir que seres humanos encontrados, amados, humanizados, compreendidos e devolvidos a si mesmos pela presença viva e atuante de Jesus, também estabelecem entre si novas formas solidárias e humanas de viver e agir.
Não podemos esquecer que todos nós somos discípulos desse Mestre compassivo. Estamos, mais do que nunca, dentro de um mundo no qual reinam, ditam e comandam a insensibilidade, a apatia, a indiferença, o distanciamento, o anonimato. Dia por dia os seres humanos se tornam mais animais, ao mesmo tempo em que os animais são assumidos como humanos. Relacionamentos frios ignoram o coração, a vida e os sentimentos dos outros, deixando de mergulhar em seus sonhos, preocupações, desejos e dores.
Continua, porém, a lição do Mestre de Nazaré: Sem compaixão não se efetiva a humanização; sem compaixão se corrompem as relações humanas e se constroem muros e guerras, concorrências desleais e frustrações; sem compaixão nosso mundo se torna o reino de animais irracionais e sem empatia. Só a compaixão nos há de construir e salvar.
Frei Salésio Hillesheim