Pentecostes: a Solenidade do “Cristo em nós”

 

“Que a graça de Deus cresça em nós sem cessar. E de ti, nosso Pai, venha o Espírito Santo de Amor pra gerar e formar Cristo em nós”. Este é o Refrão de um célebre canto para a comunhão inspirado na figura de Maria. No refrão, evoca o mesmo movimento do Espírito Santo de Deus que se alojou no ventre da Virgem gerando o Salvador para a humanidade. Percorridos todos os passos dados desde a Quaresma, passando pelo Tríduo que culmina na Páscoa da Ressurreição, vivendo com intensidade os dias do Tempo Pascal, celebrando a Ascensão do Senhor, chegamos à Solenidade de Pentecostes, a Festa do “Cristo em nós”. São Francisco foi um entusiasta desta verdade teológica e, em sua Carta aos Fiéis, explica como este mistério de amor se concretiza na vida prática do cristão: “[Somos] Mães [de nosso Senhor] quando o levamos em nosso coração e em nosso corpo (Cf. 1Cor 6, 20), pelo amor divino e a consciência pura e sincera; e o damos à luz pela santa operação, que deve iluminar os outros com o exemplo (cf. Mt 5, 16).

Gerar Cristo para o mundo é, portanto, oferecer um testemunho prático (santa operação) que seja capaz de tocar o coração das pessoas, de renovar-lhes a esperança, de fazê-las mais uma vez acreditarem na força da bondade e do amor. Na certeza de que uma árvore caindo faz muito mais barulho do que toda uma floresta que nasce, o cristão é chamado deixar-se tomar pelo Espírito Santo a fim de gerar Cristo para o mundo. Ao entrar nesta dinâmica, ele passa a pensar e a agir à semelhança de Cristo, nutrindo a convicção de que, mais importante do que seus próprios interesses é o “Reino de Deus e sua justiça” (Cf. Mt 6,33).

Neste trabalho, o discernimento maior é perceber onde Deus quer e precisa nascer. Toda atenção se faz necessária neste exercício de escuta atenta da realidade. Deixar-se guiar pelo Espírito nesta procura é fundamental. Nem sempre os apelos vão estar em consonância com as nossas expectativas. Certamente com alguma frequência vão, inclusive, contrariar nossos desejos de conforto e estabilidade. No entanto, se desejamos ser geradores(as) férteis de Jesus para o mundo, parceiros eficientes do Espírito Santo, muitas vezes teremos de vencer a nós mesmos.

 

Frei Gustavo Medella

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