Pedro representa a
pessoa humana, pecadora e santa, ao mesmo tempo, com uma sede incontida de Deus
e capaz de pesadas traições. Cada um de nós tem essa experiência. O Apóstolo
Paulo expressa isso em uma de suas cartas: “Em mim mora o pecado. Não faço o bem
que quero e sim o mal que detesto” (Rm 7,17-19). As fraquezas e grandezas de
Pedro podem servir-nos de consolo e estímulo. Deus não fundou a Igreja sobre
anjos, mas sobre uma pessoa de carne pecadora
e espírito possuído de grande amor e esperança.
Mesmo depois
de Pentecostes, Pedro mostrou-se fraco e inconstante (Gl 2,ll). Mas o amor lhe
era maior que o pecado: “O amor cobre a multidão dos pecados” (lPd 4,8). A
esperança é superior ao desânimo. E foi pelo caminho da esperança
que andou, contrariamente a Judas, que preferiu o desespero. Por três vezes na
primeira Carta, Pedro refere-se à esperança: “Nosso Senhor Jesus Cristo, em sua
grande misericórdia, regenerou-nos para uma viva esperança” (1,3); “Ponho toda
a esperança na graça” (1,13); “Nossa esperança esteja em Deus” (1,21). Judas e
Pedro pecaram gravemente. A um o desespero levou à forca (Mt 27,5). A outro a
esperança levou à “glória imarcescível do céu” (lPd 1,4).
Frei Clarêncio Neotti