“O Mercenário, que não é pastor e a quem as ovelhas não conhecem, vê o lobo chegar e foge” (Jo 10,12)

            Quando a gente escuta Jesus fazendo uma afirmação como esta, com certeza ficamos procurando sobre quem ele está se referindo. Com certeza, cada um de nós se isenta da culpabilidade: “não cabe na minha cabeça, não se refere a minha pessoa”.

            A palavra mercenário, deriva do grego, que significa agente público que recebe o pagamento e não cumpre o dever confirme o encargo para o qual foi nomeado. Sendo ou não desta função, perante a Deus, somos todos agente públicos. Deus não tem classe! Ser mercenário, depende da minha atitude e não exatamente da atividade que exerço.

            Desta forma, eu sou mercenário sempre que me aproveito diante da fragilidade e da indefensibilidade das ovelhas, fazendo uso do teologismo-charlatão… sempre que uso a palavra de Deus em vão. Jesus, Bíblia, Religião para fins políticos e empresariais-econômicos… Quando uso dos meios de comunicação para forjar a verdade, distorcendo os fatos por interesse de grupos econômicos… Sempre que me apodero do artificio da mentira para aproveitar da incapacidade cognitiva de um senso crítico comum… Quando faço uso da lei e da justiça para condenar inocente e inocentar culpados… Na condição de formador de consciência, me omitindo ou induzindo a consciência de outrem ao erro… Quando prego uma teologia da prosperidade para obter lucros financeiros de interesse próprio… Quando receito e prego o uso de medicamentos sem eficácia comprovada, ignorando e desprezando estudos da ciência… Sempre que monto esquemas para ludibriar a opinião pública… Quando acumulo patrimônio explorando a pobreza alheia… Sempre que finjo possuir uma aparência cristã encenada… Sempre… Quando… Sou ou aparento não ser.

Frei Luiz Colossi

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