MESSIAS É RECUSADO EM NAZARÉ!

O texto que nos é apresentado neste 4º Domingo do Tempo Comum é ambientado em Nazaré, na região da Galileia, onde Jesus foi anunciado pelo Anjo Gabriel, como Messias esperado. Embora o seu nascimento tenha acontecido em Belém, na Judeia, após o retorno do Egito, a Sagrada Família voltou a morar em Nazaré. Ali, Jesus viveu a infância e adolescência, recebendo a educação do seu José, marceneiro; e de dona Maria, dona de casa. Certamente, a Sagrada Família, levava Jesus todos os sábados na Sinagoga de Nazaré para ouvir os textos sagrados que eram narrados e explicados pelos rabinos, no último dia da semana.
         Foi neste contexto, já como adulto, que Jesus leu o texto do profeta Isaias (Is 61) e explicou este texto aos participantes da Sinagoga, afirmando: “hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir”. Tal explicação provocou os demais judeus, causando-lhes estranheza. Como pode este cara, tão jovem, filho de um pai adotivo, artesão e sem estudos na Sagrada Escritura, filho de uma mãe modesta, que certamente não lhe instruíra na escola judaica, falar tal coisa?
        A aversão aos ensinamentos de Jesus foi tão forte, a ponto de ele afirmar: “nenhum profeta é bem recebido em sua pátria”.  E Jesus usa como exemplo a atuação do profeta Elias e do profeta Eliseu. No caso de Elias, ele teve que sair da pátria do judaísmo, indo pregar em terras de pagãos. Significa que Elias não foi compreendido em sua pátria, porém foi compreendido, como profeta, no exemplo da viúva de Sarepta (Sidônia). E no exemplo do profeta Eliseu, Jesus quis afirmar que os leprosos, excluídos pelos judeus, não foram curados, porque lhes faltava a fé nas palavras do profeta. Assim, o profeta Eliseu só conseguiu encontrar ressonância da graça de Deus no sírio, que era um leproso pagão, oriundo de Naamã.
       Aplicando este texto às nossas vidas, nós também passamos por situações semelhantes, quando não somos compreendidos em nossas próprias famílias, na sociedade do entorno, nas diferentes denominações religiosas e culturas diferenciadas. Diante disso, é necessário que saibamos ouvir com atenção, não voltados somente à pessoa de nossos interlocutores, mas focados em sua sabedoria, como fruto da sua experiência de Deus, que nos conduza ao bom caminho do que Jesus quis nos transmitir desde o início de sua pregação. Então, nas palavras de Jesus, identificamos o Messias esperado e por isso, o seguimos, como nosso mestre na seara dos nossos projetos pessoais, familiares e comunitários.
            Frei Ivo Müller

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