Hoje é Natal…

Hoje é Natal… Nos reunimos para olhar para um Deus feito criança: a palavra eterna do Pai que habitou entre nós. Todos os enfeites e efeitos são para nos colocar neste mundo encantado, onde Deus criança nos convida a fazer passagens… E muitas passagens. Queria chamar a atenção para duas delas:

1. A da cultura da guerra, dos racismos, dos individualismos, dos grupos fechados e das preferências para a cultura do encontro, como nos diz bem o Papa Francisco. Para esta cultura se fará necessário aprender a acolher o que é pequeno, o que nasce nos movimentos sociais e humanitários alternativos, nos grupos eclesiais que se empenham por sintonias, processos de inclusão e de amor. A cultura do encontro inclui os excluídos e traz para perto de si aqueles que não têm coragem de chegar até nós.

A cultura do encontro requer também a confissão de que Deus ilumina nossa história e a história humana, a confissão de que a bondade gera e sustenta a vida. Somente ela nos dará a dimensão de que diariamente precisamos abaixar-nos, inclinar-nos, descer dos nossos pedestais e das vaidades e revestirmo-nos daquela acolhida própria de quem traz uma criança em seus braços. Para encontrar a Deus e os outros deveremos empreender sempre o caminho de descida… Caminho difícil, mas compensador.

2. A outra é a da gruta de Belém para a gruta interior. O interior não é apenas aquilo que nós somos e temos dentro de nós, mas tudo aquilo com que nos relacionamos. É com esse mundo que precisamos uma nova maneira de olhar, de sentir e contemplar. O presépio nos lembra que um menino se fez excluído com os excluídos, pobre entre os pobres, carente de tudo dentro de uma humanidade carente. Nos lembra também que Deus está entre nós como fragilidade, como último, como alguém que precisa de tudo. Ele foi o Deus e homem mais sensível em relação a todos os fragilizados do mundo.

O presépio nos leva enfim, a sermos reverentes, pequenos, compassivos, termos e misericordiosos. Leva-nos a amar mais aquilo que não vemos do que o que dá na vista e aparece. Leva-nos a estender a mão e acreditar que ainda há motivos para uma verdadeira esperança no ser humano e em sua casa, este mundo. Leva-nos a não abandonar a luta diante dos desafios e diante dos tantos insucessos e desilusões de toda ordem.

Que o encanto e a ousadia de trazermos Deus para bem perto de nós sejam nossa luta de cada dia e nossa missão de toda hora. Amém.

 

Frei Salésio Hillesheim 

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