Do silêncio do deserto, a voz da esperança

 

O mês de junho é marcado intensamente pelas festas folclóricas que acontecem com maior ou menor intensidade em muitas realidades do nosso país. Algumas delas estão ligadas às expressões da religiosidade popular, na qual o nosso querido e muitas vezes sofrido povo manifesta, através de cantos, orações e danças, suas alegrias e esperanças, mas também abre seu coração para expressar as dores que lhe apertam o peito, por uma vida sofrida, em que a força da fé no Senhor Jesus é a luz que ilumina seu caminhar, não só para seguir o ritmo dos passos na dança, mas principalmente os passos da vida.

Este jeito simples de colocar a vida nas mãos de Deus faz o nosso povo olhar com esperança a presença do Deus da vida, que se manifestou na história do povo da Antiga Aliança. Com amor de Pai misericordioso, Ele preparou o caminho para a vinda do Messias, que seria o cordeiro imolado na cruz, da qual nasce a Nova Aliança, marcada por um amor sem medida, em que a vida é colocada no altar do sacrifício, como oferenda pela redenção da humanidade.

A figura do profeta, do enviado por Deus para preparar os caminhos do Senhor foi João Batista.  Ele é o Precursor do Cristo pela palavra e pela vida, pela simplicidade e austeridade e pela fidelidade à missão. Os Evangelhos nos relatam que ele viveu uma vida despojada no deserto. O deserto é um lugar geralmente associado a uma realidade inóspita, pela aridez do solo, a ausência de vegetação, o calor durante o dia e o frio da noite, a presença de animais peçonhentos, escorpiões, cobras, etc. O deserto é também associado a um lugar desolado e silencioso, onde podemos ouvir o barulho da brisa suave e o sopro do vento que move os grãos de areia aos poucos, mas de maneira constante até formar as dunas ou colinas.

Na Sagrada Escritura, muitas são as passagens que nos falam do deserto como o espaço do encontro com Deus, da purificação, do esvaziamento e da proximidade. Foi o deserto o lugar que João Batista escolheu para viver e também para escutar a voz de Deus que lhe falava ao coração e o fortalecia na missão de preparar os caminhos do Senhor. No deserto, o silêncio, muitas vezes, era a única comunicação que confortava o seu coração e alimentava a sua fidelidade na missão. No deserto, através da oração silenciosa, ele se colocava na escuta de Deus, para falar de esperança ao coração do povo que esperava a vinda do Messias.

 

Dom José Gislon

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