Discípulo ou Zebedeu?

Salta a nossos olhos, no evangelho deste domingo (29º), a atitude chocante dos dois filhos de Zebedeu, Tiago e João, discípulos, companheiros de caminhada e seguidores de Jesus, mas completamente descomprometidos com o seu anúncio e com a sua proposta.

            Jesus, por diversas vezes, insiste que sua missão é a de doar a vida, de entregar-se, para que todos pudessem se encontrar com um Deus próximo, solidário, empenhado na construção de uma comunidade de menores, de servidores, de desapegados e últimos.

            Os Zebedeus não entendem isso e, em contrapartida, querem tronos, poder, status; querem os primeiros lugares. De nada lhes tinha valido a lição oferecida desde o primeiro momento do chamado deles: de abandonar, de deixar, de se solidarizarem. Eles se identificam com os poderosos deste mundo, para quem a maior glória é o poder, o mando e os primeiros lugares.

            Jesus precisará colocá-los de novo no coração de sua vida: ele não quer chefes, mandantes. Ele precisa de servidores com ele e como ele. Quer uma família de iguais, de submissos uns aos outros, de homens alegres na doação do que eles têm de melhor: eles mesmo.

            Desta forma, fica claro que seguir Jesus não é um caminho para a autopromoção, para galgar postos e papéis. Seguir Jesus será sempre encetar uma luta que destrói os ranços de grandeza e a mania dos privilégios.

            Não esqueçamos: os Zebedeus nos são mais familiares do que nós imaginamos. Eles habitam nossos sentimentos, nossa vontade e nossas ações, muitas vezes, sorrateiramente, mas com muita energia e crueldade, colocando-nos na contramão de nossa identidade de irmãos e irmãs, de iguais no serviço e na missão.

Frei Salésio Hillesheim

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