Deus deixa-se encontrar

O Sermão Messiânico está repleto de decisões de fé. Logo no início (vv. 24-25) há dois verbos bastante ligados ao tema da fé: procurar e encontrar. Ocorrem em muitas passagens do Antigo Testamento (por exemplo: Is 55,6; Jr 29,13). Devemos sair à procura de Deus até encontrá-Lo. O encontrar Deus é graça, por isso lembra que não é o homem que encontra Deus, mas é Deus que se deixa encontrar pelo homem (Jr 29,14; Is 65,1).

O procurar e o encontrar são momentos insubstituíveis da fé. O povo procurou Jesus. Um passo de fé, se tivesse ao menos uma admiração pelo milagre realizado. Sobre essa admiração poder-se-ia caminhar até a aceitação da divindade de Jesus. O povo encontrou Jesus, mas o capítulo todo vai mostrar que, de fato, não o encontrou, porque não reconheceu nele o Enviado do Pai (v. 29), o Filho do Homem, o Salvador (v. 27), o pão da vida (v. 35), e retira-se dele (v. 66). Se não o encontrou, foi porque as razões da procura não eram razões de fé.

Não estranha, então, que Jesus exigisse dos ouvintes, como condição de compreensão do que iria dizer, que “cressem naquele que Deus enviara” (v. 29). Essa crença é obra de Deus, é graça do Pai (Jo 14,6). Estamos num aparente círculo vicioso, que só se rompe quando nós, com toda a confiança, atiramo-nos para dentro do abismo de Deus, onde a razão deixa de responder às questões fundamentais do ser humano e ele, ultrapassando-se, encontra em Deus a resposta a todas as angústias existenciais.

Frei Clarêncio Neotti

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