BEM-AVENTURANÇAS SEGUNDO LUCAS

            Hoje estamos ouvindo o Sermão da Montanha. Ao longo deste sermão, Jesus proclama as Bem-aventuranças. Dois evangelistas descrevem esse episódio: São Mateus, nos capítulos 4 e 5 de seu Evangelho, de maneira mais longa, descreve oito Bem-aventuranças; e São Lucas, descreve quatro, no capítulo 6 de seu Evangelho, no entanto de forma mais suscinta. Veremos hoje o texto do evangelista Lucas e os textos bíblicos: 1ª Carta aos Coríntios 15,16-20 e o Profeta Jeremias 17, 5-8.

Combinando bênçãos e maldições, as Bem-aventuranças, segundo Lucas, mencionam oito categorias de pessoas por contraste: os pobres que suspiram pela libertação e os ricos que já têm o seu consolo; os que passam fome e os que estão fartos; os que choram e os que riem; os que são perseguidos e os aplaudidos e homenageados.

            Do mesmo modo, a primeira leitura do profeta Jeremias, contrapõe duas classes de pessoas: os que confiam totalmente em Deus e os que apenas confiam no mundo, afastando o seu coração do Senhor. O primeiro é a árvore fecunda, plantada junto à água; e o segundo é um cardo ou espinheiro árido no deserto.

            As Bem-aventuranças constituem a página mais revolucionária do Evangelho, porque nela Jesus estabelece uma inversão total dos critérios humanos, em relação à felicidade: riqueza, dinheiro, sucesso, posição social, segurança, poder, domínio e prazer. Jesus declara que esta felicidade aparente do mundo é falsa e passageira, além de frustrante.

            Antes de Jesus, ninguém tinha feito semelhantes afirmações. As Bem-aventuranças são tão paradoxais que só as entende quem as vive, como fez Jesus. Ele foi pobre e chorou, sofreu e trabalhou pela paz e reconciliação, foi perseguido e perdeu a vida por servir o bem e a justiça.

            As Bem-aventuranças não têm nada a ver com um espiritualismo desencarnado, uma passividade alienante e resignação fatalista. Implicam um compromisso pessoal com o sofrimento humano, desprendimento, compromisso social, compromisso com a paz, solidariedade e fraternidade. É um proceder evangélico: “o que fizerdes ao menor dos meus irmãos, é a mim que o fazeis”, diz o Senhor. Porque realmente o que nos santifica são as Bem-aventuranças. Não seremos Santos na eternidade, se aqui não formos bem-aventurados.

Frei Sergio Pagan

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