A palavra de ordem é “Coragem”

 

As leis e as tradições existem para oferecer respostas de libertação e vida plena aos apelos da realidade de cada tempo. Esta constatação já estava clara na Igreja Primitiva, conforme apresenta a 1ª leitura deste 6º Domingo do Tempo da Páscoa, retirada dos Atos dos Apóstolos. No impasse diante da obrigatoriedade da circuncisão para a acolhida de membros não judeus à comunidade cristã, o Espírito Santo, as lideranças e o bom senso chegaram à conclusão de que, embora fosse um ritual importante para a cultura hebraica, não haveria de necessidade de que tal prática estivesse atrelada ao seguimento de Cristo. “Simples assim”, como diz a nossa juventude.

Na atualidade, permanece como desafio para a Igreja beber da sabedoria primitiva e colocar em diálogo franco e transparente doutrinas e regras que podem ser revistas à luz dos sinais dos tempos. Neste particular, o pontificado do Papa Francisco tem sido marcado pela liberdade e pela disposição de um pastor que não se furta em abrir os ouvidos e o coração para ouvir, acolher e discernir os apelos da humanidade que ressoam no seio da própria Igreja. Sem negociar o que é fundamental dos ensinamentos de Cristo – tudo que brota e deriva do Mandamento do Amor – o Santo Padre demonstra um total desapego em relação a questões que tendem à mera formalidade, à autorreferência e à manutenção de estruturas obsoletas de status e poder.

Assim age o Papa ao desejar ouvir as famílias, a juventude, os povos amazônicos, as outras tradições religiosas, ao colocar-se sem intermediário diante das perguntas e questionamentos de jornalistas, intelectuais e agentes de diversos setores da sociedade. Da mesma maneira quando pede que nossas paróquias não funcionem como alfândegas pastorais, que nossas igrejas mantenham teimosamente as portas abertas para todos, que a chaga maligna do abuso sexual de jovens e crianças seja trazida para a luz dia como única maneira eficaz de ser curada. Francisco demonstra-se um Papa sem medo.

A coragem do Santo Padre pode e deve nos inspirar. Afinal, o Mestre Jesus garante que neste empenho jamais estaremos a sós. Sua presença é próxima constante e fiel pela força e a ação do Defensor que Ele e o Pai enviam a nós. Neste domingo que precede a Solenidade da Ascensão do Senhor, a palavra de ordem é “Coragem”!

 

Frei Gustavo Medella

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