A não violência

Nós, cristãos, nem sempre sabemos captar algo que Gandhi descobriu com alegria ao ler o Evangelho: a profunda convicção de Jesus de que só a não violência pode salvar a humanidade. Depois de seu encontro com Jesus, Gandhi escrevia estas palavras: “Lendo toda a história desta vida … me parece que o cristianismo está ainda por realizar … Enquanto não tenhamos arrancado pela raiz a violência da civilização, Cristo ainda não nasceu”.

A vida inteira de Jesus foi um apelo a resolver os problemas da humanidade por caminhos não violentos. A violência sempre tende a destruir; pretende solucionar os problemas da convivência arrasando aquele que considera inimigo, mas não faz senão provocar reação em cadeia que não tem fim.

Jesus convida a “fazer violência à violência” O verdadeiro inimigo para o qual devemos dirigir nossa agressividade não é o outro, mas nosso próprio “eu” egoísta, capaz de destruir a quem se opõe a ele.

É um equívoco acreditar que o mal pode ser detido com o mal e a injustiça com a injustiça. O respeito total ao ser humano, tal como Jesus o entende, está pedindo um esforço constante para suprimir a mútua violência e promover o diálogo e a busca de uma convivência sempre mais justa e fraterna.

Nós cristãos devemos perguntar-nos por que não soubemos extrair do Evangelho todas as consequências da “não violência” de Jesus, e por que não lhe demos o papel central que há de ocupar na vida e na pregação da Igreja.

Não basta denunciar o terrorismo. Não é suficiente assustar-nos e mostrar nossa repulsa cada vez que se atenta contra a vida. Dia a dia temos de construir entre nós uma sociedade diferente, suprimindo pela raiz “o olho por olho e dente por dente”, e cultivando uma atitude reconciliadora difícil, mas possível. As palavras de Jesus nos interpelam e nos sustentam: “amai vossos inimigos, fazei o bem aos que vos perseguem”.

José Antonio Pagola

Share on facebook
Share on twitter
Share on telegram
Share on whatsapp
Share on email
Share on print