A grande “plantinha” do carisma franciscano

Santa Clara nasceu em Assis, em 1194. Aos 18 de março de 1212, saiu de casa e se consagrou a Deus na igrejinha de Nossa Senhora dos Anjos, a Porciúncula. De 1212 até a sua morte, aos 11 de agosto de 1253, viveu no silêncio e na contemplação em São Damião.

O saudoso frade capuchinho Frei José Carlos Pedroso, em entrevista a este site, explicava o significado do título “Plantinha de São Francisco”, que gerou uma leitura equivocada desta grande mulher. “Trata-se de uma leitura desajeitada. Costumam entender que ela seria como um vaso querido de São Francisco, que ele punha na janela e regava todo dia. Seria uma criança. Mas quem conhece os textos das Fontes sabe que plantinha, em latim plântula, é o que nós chamamos de muda. Quando um mosteiro fundava outro, o fundador era chamado de plantador e o fundado era a muda, ou plantinha, porque no início da vida dependia dos cuidados do outro. Nas suas biografias, São Francisco é chamado de plantador da Ordem dos Menores. A Ordem de Santa Clara também foi plantada por ele. Uma das coisas que surpreende em Santa Clara é que, depois de ser obrigada a seguir a Regra de São Bento, a Regra de Hugolino e a Regra de Inocêncio IV, ela pôde finalmente fazer a dela. É notável a sua maneira de ser livre”, explica Frei José Carlos.

Segundo o Dicionário Franciscano, os elementos fundamentais do novo estilo de vida estão sintetizados na Bula de aprovação da Regra de Santa Clara, que fala da união dos espíritos e da altíssima pobreza, como também da vontade de viverem juntas na clausura. Estamos diante de aspectos exteriores de uma realidade interior centralizada no amor do pobre Crucificado.

“Sem sombra de dúvida, a pedra angular de todo o edifício religioso, de toda a vida espiritual de Clara e de suas irmãs é estarem ligadas com afeto pessoal a Jesus Cristo, amor esse ardente e apaixonado. Por causa de Cristo, perto de Cristo, junto de Cristo se realizam todas as suas experiências e se constrói sua vida em sua totalidade”.

A família espiritual de Santa Clara está presente no mundo inteiro. Em todos os continentes existem mosteiros de clarissas. Atualmente as Clarissas chegam a cerca de vinte mil no mundo, em 986 mosteiros. Permanecem nove denominações de Clarissas, conforme a Regra ou as Constituições que observem: Clarissas (com a Forma de Vida de Santa Clara), as Clarissas Urbanistas, Clarissas Coletinas, Clarissas Capuchinhas, Clarissas Sacramentinas, Clarissas da Adoração Perpétua (com a Regra de Santa Clara ou com a de Urbano IV), Clarissas Capuchinhas Sacramentinas, e Clarissas da Divina Providência.

No Brasil, atualmente, são vinte os Mosteiros de Clarissas, com alguns projetos de novas fundações.

Em 1677, a 9 de maio, chegavam ao Brasil as pioneiras: foram também as primeiras religiosas a se estabelecerem em nossa Terra de Santa Cruz. Vieram de Évora, Portugal, para fundar o Mosteiro do Desterro, em Salvador, na Bahia. Este desenvolveu-se rapidamente e chegou a ter numerosas monjas. Mas, aos 19 de maio de 1855, o decreto do Ministério da Justiça, deploravelmente, fechou todos os noviciados das casas religiosas do Brasil e de Portugal.

A comunidade foi se extinguindo aos poucos e, em 1915 falecia a última Clarissa Urbanista do Brasil, com oitenta e quatro anos de idade. Por doze anos não houve mais Clarissas em todo o país. Mas, em 1928, de Dusseldorf, Alemanha, partiram para o Brasil 8 irmãs clarissas, que fundaram o Mosteiro Nossa Senhora dos Anjos, no Rio de Janeiro.

Neste Especial por ocasião desta festa franciscana no dia 11 de agosto, apresentamos subsídios para conhecer melhor essa grande “plantinha” que o carisma franciscano produziu.

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