A alegria de celebrar o Domingo de Natal

Frequenta as missas do Santuário São Francisco, em São Paulo, um rapaz cego-surdo chamado Natal. Para participar da celebração, Natal mantém suas mãos fixas às mãos de um intérprete da Língua Brasileira dos Sinais (LIBRAS). É pelo tato que Natal decodifica as mensagens e se sente parte integrante da assembleia litúrgica. A presença devota de Natal e o carinho a ele devotado pela comunidade permitem a Cristo novamente nascer vigoroso no coração de quem consegue ver a ação de Deus no cúmulo das fragilidades humanas. Em seus limites, Natal revela à comunidade o mistério de Deus que se faz frágil e deseja contar com o auxílio humano. A comunidade, por sua vez, tem a chance de, na figura daquele rapaz, acolher o próprio Deus que em Jesus se faz proximidade e fragilidade. Uma experiência concreta e encarnada da força que nasce da singeleza do Natal.

No Evangelho deste 23º Domingo do Tempo Comum (Mc 7,31-37), Jesus se faz todo-ouvidos para acolher o drama de um homem surdo que falava com dificuldade. Mais do que uma explicação inteligível, lógica e bem colocada, o que toca o coração de Deus é a disposição do coração humano em acolher sem reservas a bondade e a misericórdia do Pai. Jesus, expressão máxima do Amor que se antecipa às necessidades dos seus, coloca-se a serviço daquele ser humano, devolvendo-lhe a capacidade plena do falar e do ouvir. A esperança voltou a habitar aquele pobre coração. Para ele, o encontro pessoal com Cristo foi ocasião de se tornar também participante do mistério fascinante do Natal. O mundo está carente destas testemunhas “natalinas”, capazes de fazer a esperança renascer nos corações desanimados.

Frei Gustavo Medella

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