Vim, vi, venci!

“Vim, vi, venci!”, diz a frase atribuída ao general e cônsul romano Julio César em 47 a.C. Teria sido escrita numa mensagem ao Senado após a vitória em uma importante batalha. Apesar de utilizada num contexto bélico, tal afirmação também pode ser aplicada ao percurso do Filho de Deus em sua missão, coroada com a Solenidade da Páscoa que celebramos neste Domingo.

Vim
Remete ao mistério da encarnação. O Verbo vem ao mundo, o divino se humaniza e se apresenta como criança frágil e pequena, situa-se no tempo e no espaço, cresce, alimenta-se, convive, recebe educação, assimila uma cultura, participa de uma história. Cada elemento da história humana de Cristo é parte integrante do plano maior gerado na infinita sabedoria de Deus.

Vi
O verbo “ver”, neste caso, tem profunda conexão com “viver”. Em Jesus, Deus não se faz mero espectador mas se coloca como protagonista da caminhada humana. Compromete-se com a construção concreta do Reino de Paz e Justiça sonhado pelo Pai. Não se furta em “colocar a mão na massa”, conforme explicita São Pedro na Primeira Leitura deste Domingo Pascal: “Ele andou por toda a parte, fazendo o bem e curando a todos os que estavam dominados pelo demônio; porque Deus estava com ele” (At 10,38b). Tal compromisso custou caro a Jesus. O incômodo que sua postura causou em quem não estava interessado numa proposta mais fraterna e solidária levou-o a sofrer todos os suplícios que foram revividos no tríduo pascal. Aquele que aliviou os pés cansados dos apóstolos na Quinta-Feira Santa como o jarro e a bacia, teve os próprios pés estraçalhados por duros e doloridos cravos. O mesmo que se apresentou como “água viva” recebeu vinagre quando reclamou de sede. Aquele que assumiu a todos como irmãos e irmãs foi renegado pelos mais próximos. Observando os elementos que ganham destaque na Paixão de Cristo, teríamos motivos de sobra para considerá-lo um derrotado. No entanto, Deus é sempre surpreendente.

Venci
De onde todos esperavam a morte, a vida brotou. A força de Deus rolou a pesada pedra do túmulo, mostrando que o peso do orgulho e da violência não podem conter o infinito Amor que o Senhor derrama sobre seus filhos. Na ressurreição, Jesus desbrava para todos nós um caminho de esperança, onde temos a oportunidade de ressignificar nossas dores e sofrimentos, percebendo mais uma vez que somos corresponsáveis no socorro uns dos outros, tudo por causa d’Aquele que vive entre nós: o Ressuscitado. Desejo a todos, de coração, Santa e Abençoada Páscoa da Ressurreição!

Frei Gustavo Medella

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