Na composição “Paciência”, o cantor e compositor Lenine traz duas afirmações que se completam ao descrever a vida. Diz o artista: “A vida não para” e “A vida é tão rara”. Correria e raridade, cotidiano e beleza, compromisso e dom. Equilibrar estas duas dimensões exige discernimento e flexibilidade.
No Evangelho deste 19º Domingo do Tempo Comum, Jesus adverte seus discípulos para que não vivam displicentemente. Manter os rins cingidos e as lâmpadas acesas significa ter sempre no horizonte a fugacidade e a raridade da vida. Fugaz porque limitada no tempo e no espaço, porque cheia de desafios e surpresas, repleta de exigências. Rara porque plena de oportunidades, porque cheia de possibilidades de encontro, porque criada e desejada amorosamente por Deus, porque, em Jesus, o Pai veio partilhá-la conosco.
Entre correria e contemplação, o dom da fé, definida como “a convicção acerca das realidades que não se veem” (Cf. Hb 11,1), promove a comunhão do efêmero com o eterno, produzindo frutos de solidariedade e serviço. Que a vida, frágil e rara, jamais seja banalizada.
Frei Gustavo Medella