O Reino necessita de gestos concretos

O Natal de Jesus tem a ver com a criatura humana concreta. Há gente que quer ver apenas a parte espiritual de Jesus e as implicações espirituais de sua mensagem. Acontece que nós homens não somos só carne ou só espírito. Cristo nasceu para salvar o homem: seu espírito e sua carne. O Reino dos Céus é para a criatura humana na plenitude de seu ser, do seu viver, ou, como diz o papa João Paulo lI, para “cada homem, em toda a sua singular realidade do ser e do agir, da inteligência e da vontade, da consciência e do coração” (Encíclica Redemptor Hominis, n. 46). Parece justo, pois, se desejarmos saber como está o Reino de Deus na terra, perguntar-nos como está a saúde da criatura humana: sua saúde física e espiritual. Pode-se falar em Reino dos Céus, quando tantos milhares morrem de fome? De fome de pão, de fome de paz, de fome de ser compreendido, de fome de viver com dignidade? Todo aquele que melhorar a sorte do homem na terra está construindo o Reino de Deus aqui, está ajudando a acontecer o Natal de Jesus e o natal dos homens (Mt 25,31-46).

Porque a criatura humana “é a primeira e fundamental via da Igreja” (Redemptor Hominis, n. 46), isto é, o objeto de toda a sua evangelização (razão de seu existir), a Igreja necessariamente vela pela dignidade do homem em todos os seus aspectos e diversos campos da vida: o religioso, o social, o político, o econômico e o cultural. Vela pelo nosso destino eterno e pelos caminhos que nos conduzem para lá. O Reino dos Céus alcança a criatura humana na sua origem, envolve-a durante toda a sua peregrinação terrena e a introduz na eternidade. São sobretudo os Sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas), que desenvolvem o tema do Reino de Deus ou, com o mesmo significado, do Reino dos Céus. O tema volta forte no Apocalipse.

Frei Clarêncio Neotti

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