O Evangelho de Marcos (12,28) e a primeira leitura de hoje, Deuteronômio (6,2-6), realçam o amor como a essência da fé e da religião. Jesus, amplia o campo desse amor em relação ao Antigo Testamento: não é só Deus, como também o próximo. Por estar baseado no amor, o Cristianismo é uma religião do sim ao homem, ao mundo e à vida: “ame a Deus e ao próximo, como a si mesmo” Marcos 12, 28.
Por que equiparar o amor a Deus e ao próximo? Porque se alguém diz que ama a Deus e nega amor ao próximo, nega o perdão, a misericórdia, ele é mentiroso, segundo o Apóstolo São João. Mas, se você for capaz de amar o irmão que vê, você será capaz de amar o Deus que não vê. O amor é sem porquês, é pura gratuidade, é dádiva divina.
O Cristianismo é a religião do sim à vida e ao homem por estar fundado no amor. No Antigo Testamento, se combinavam dialeticamente o amor e o temor de Deus. O temor, muitas vezes visto ou vivido como sinônimo do medo de Deus, mas Jesus nos apresenta o temor, como respeito a Deus. O temor que devemos ter aos pais, não é para ter medo dos mesmos e sim respeitá-los. Amar é ter respeito em primeiro lugar.
O amor é a base e o fundamento de uma religião. Ter fé significa ter Amor a Deus e ao irmão. Porque Deus é Amor: definição clássica, quem é Deus? Deus é Amor. É o Amor que temos de sublinhar nas tensões que inevitavelmente surgem na Igreja e em todas as comunidades, familiar e religiosa. Segundo o Apóstolo Paulo: “o Amor é paciente, sempre acredita, sempre espera, tudo suporta com fé, nunca desiste, porque tudo passará, menos o Amor que é Eterno, porque é Deus.” Coríntios 13,13.
A síntese do Cristianismo é: “Amarás o Senhor, teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças; e ao próximo, como a ti mesmo”, esta definição é do próprio Cristo ao escriba, que O questiona sobre a religião e a fé. Numa palavra Jesus define: “Ame e terás a Deus e ao próximo”. Eis o sentido da fé e da religião: o Amor.
Frei Sergio Pagan
