JESUS NOS VÊ

O cego de Jericó, sentado à beira do caminho, à margem, excluído, sem identidade e sem poder no povoado. Aos gritos, clama a Jesus por misericórdia, já que pela sociedade era simplesmente visto por alguns poucos. Os olhos de Jesus: “O VÊ”. O cego se levanta e sem hesitar, com as mãos joga o manto ao chão, e lança para o alto toda estrutura que o impedia de viver dignamente, porque o manto representava as amarras de toda injustiça social, dele e de todos os especiais que são tratados com desprezo e indiferença. Os cegos, surdos, mudos, leprosos, paralíticos, especiais mentais, enfim toda característica que o identifica como “Pessoa”.

Sem dúvidas, ainda hoje, quem tem uma característica de deficiência, sofre. Embora muita coisa tenha melhorado, estamos longe de atender dignamente os especiais. O que Jesus faz, não é só a cura da visão física, mas devolve ao cego a condição humana. Libertar-se do manto é desmontar todo esquema jurídico e religioso de discriminação, preconceito, exclusão, mas acima de tudo, não se resignar, não se submeter às mazelas impostoras de uma visão cruel e míope. É gritar em nome de todos os que padecem e sofrem com as consequências dolorosas do cala-te a boca…d’aqueles que se acham perfeitos e se dizem ter o privilégio de estarem melhor e mais perto de Deus.

A deficiência que pode existir em cada um de nós, é uma característica e não um defeito ou uma limitação. A limitação é quando não sabemos o que fazer com o que temos e com o que somos. Quando a presença de um deficiente nos incomoda negativamente… revela em nós0 o quanto precisamos mudar, o quanto somos incapazes de reconhecer no outro, o lado especial de Deus. Lado que é puro amor, graça e não defeito. Propensos a visualizar o mundo a partir do nosso EGO, que nos torna formadores de uma ideologia que descontrói valores e, de uma farsa e medíocre teologia sem Deus. Jesus nos convida, portanto, ao Amor Misericordioso que “cura” todas as feridas humanas. Há milagres de irmãos e irmãs à beira do caminho resignados, dos quais devemos motivá-los a gritar, porque não basta que Jesus os veja… nós precisamos amá-los. Porque Jesus também está de olho em nós.

Frei Luiz Colossi

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