Evangelizar

Amós não era profeta nem “filho de profeta” – termo bíblico para dizer discípulo (1ª leitura). Não ganhava seu pão profetizando. Era pastor e agricultor. Tampouco era cidadão da Samaria; era de Judá, que vivia em conflito com os samaritanos. Mesmo assim, Deus o escolheu para dar um sério aviso ao sacerdote de Betel, santuário da Samaria.

Tampouco eram missionários profissionais os doze que Jesus enviou a anunciar a proximidade do Reino de Deus (evangelho). Estavam entregues à sua missão, à boa-nova que deviam anunciar. Estavam entregues à hospitalidade das casas que encontrassem. Recebiam, sim, de Deus, o poder de fazer uns discretos sinais, curas, exorcismos. Nada deviam ter de si mesmos: nem dinheiro, nem roupa de reserva. Só sandálias e um bom cajado para caminhar. Pois deviam avançar com pressa. O tempo se cumpriu!

Na encíclica Evangelii nuntiandi, o Papa Paulo VI escreveu que cada evangelizado deve ser evangelizador. Se acreditamos na boa-nova do Reino, não a podemos esconder aos nossos irmãos. Se acreditamos que a prática de Jesus inaugurou a salvação do mundo e mostrou o caminho para todas as gerações, não podemos guardar isso para nós. O mundo tem de ouvir isso. “Como poderão crer, se não ouvirem”(Rm 10,14). Quem crê verdadeiramente, tem de evangelizar. Mas como?

Não precisa ser especialista, capaz de discutir nas ruas e nas praças. Nem precisa de treinamento para aprender a enrolar as pessoas ingênuas e tirar um “dízimo” ou uma “aposta” de quem nem tem dinheiro pra criar os seus filhos… Jesus deu aos doze galileus poder de curar e de expulsar demônios. (Naquele tempo chamava-se demônio qualquer doença inexplicável, sobretudo de ordem psíquica). Ou seja, Jesus lhes deu força para fazer bem ao povo ao qual anunciavam a proximidade do Reino. Esses gestos eram um aperitivo do Reino. O bem que muitas pessoas fazem em sua generosa simplicidade é um aperitivo do Reino de Deus. Já tem o gostinho daquilo que chamamos o Reino – quando é feita a vontade do Pai, como rezamos no Pai-Nosso.

A própria prática do Reino é anúncio do Reino – provavelmente, o anúncio mais eficaz. Vendo a prática do Reino, as pessoas vão perguntar o porquê: as “razões de nossa esperança” (1Pd 3,15). Se nos comportarmos com simplicidade, entregues àquilo em que acreditamos, ajudando onde pudermos – mas sem apoiarmos causas erradas, estruturas injustas – o mundo perguntará que esperança está por trás disso, que fé nos move, que amor nos envolve. Então, responderemos: o amor que aprendemos de Jesus, que deu sua vida por nós.

A palavra do pregador será fidedigna, se acompanhada de uma prática que mostre o Reino… na prática.

Pe. Johan Konings
Fonte: site Franciscanos

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