Eles vieram de longe…

epifania

 

Vamos terminando o tempo do Natal. Tudo passa depressa. Estamos às portas da retomada tempo comum da vida da Igreja. Vamos ser instruídos pelo Evangelho segundo Mateus. Hoje, no entanto, ainda é Natal. Homens ilustres vieram de longe buscar a casa de Deus. Trata-se da peregrinação rumo à fé. Todos somos peregrinos com os olhos fitos numa terra que nos atrai.

Sim, nós somos esses homens misteriosos, lançados na aventura da existência, homem e mulher, carregados de interrogações. Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? O que está para além da beleza de um flor e do sorriso de uma criança? Para onde as coisas correm? Por que esse bater do coração e o arfar dos pulmões? Por que essa intranquilidade de dentro e por dentro?

Fé, iluminação da vida, claridade existencial. Não apenas aceitação de fórmulas e assentimento dado a uma doutrina, mas luz de verdade que possa, efetivamente dar segurança aos passos, oferecer sentido ao tempo de que vivemos, mostrar o norte de nossa vida, clarear nossas opções, projetar luminosidade no casamento, no trabalho, na política, na doença, na vida e na morte.

Eles vieram de longe, esses enigmáticos personagens. Um apelo no ar e a luz nos astros. Roupas encharcadas de suor, pés cansados de tanto caminho, indagações feitas uns e outros. Quando chegaram ao presépio, prostraram-se e adoraram o Menino.

“Hoje os Magos que o procuravam resplandecente nas estrelas, o encontram num berço. Hoje os magos veem claramente, envolvido em panos, aquele que há muito tempo procuravam nos astros.

Hoje os Magos contemplam maravilhados, no presépio, o céu na terra, o homem em Deus, Deus no homem, incluído no corpo pequenino de uma criança aquele que o universo não pode conter. Vendo-o, proclamam sua fé e não discutem, oferecendo-lhe místicos presentes: incenso a Deus, ouro ao rei e mirra ao que haveria de morrer” (São Pedro Crisólogo).

“Há poucos dias celebrávamos o Natal do Senhor. Hoje celebramos a sua epifania, palavra grega que significa manifestação e que se refere ao que disse o Apóstolo: Seguramente grande é o mistério da piedade manifestado na carne (1Tm 3, 16). Ambos esses dias se relacionam com a manifestação do Cristo. No Natal nasceu como homem de mãe humana, ele que era Deus desde sempre e estava junto do Pai. Manifestou-se, porém à carne na carne, porque esta não podia vê-lo como era em espírito. No dia de seu nascimento, foram os pastores judeus que o viram; no dia de hoje que propriamente se denomina Epifania, ou seja, manifestação, foram os magos gentios que o adoraram. Àqueles o anunciaram os anjos, a estes a estrela. Os céus são habitados pelos anjos e ornados pelas estrelas. Foram eles, portanto, que proclamaram a glória de Deus para judeus e gentios” (Santo Agostinho).

 

Frei Almir Guimarães 

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